José Pedro Pereira da Costa, CFO da SAD do FC Porto, apresentou e explicou na manhã desta sexta-feira, em conferência de imprensa, as contas relativas ao exercício da temporada 2023/24
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Período em análise: "Nota prévia para contextualizar: estes resultados abrangem o período de 1 de julho de 2023 e 30 de junho de 2024. Esta Admnistração tomou posse de 28 de maio, este exercício corresponde a 11 meses da anterior Administração e a um mês da atual."
Crescimento, apesar do resultado negativo: "Mensagem positiva: crescimento de todas as linhas de receitas operacionais e em particular as receitas comerciais. Apesar do crescimento positivo, o resultado acaba por ficar próximo de zero, à semelhança do exercício anterior. Os resultados com transações de passes são insuficientes para compensar os custos financeiros bastante significativos e que se agravaram. Na conjugação destes dois efeitos, apesar de melhorar, continua ainda em território bastante negativo."
Explicação das contas: "A atividade de uma SAD é constituída pela atividade mais operacional, onde se incluem as receitas principais recorrentes e operacionais da SAD, desde direitos televisivos e as receitas da UEFA, onde se incluem também os custos. No caso do FC Porto SAD tem sido um resultado operacional que nos últimos anos foram próximo de zero. A outra atividade tem que ver com a transação de passes de jogadores. Na conjugação de vendas, custos de vendas e amortizações, resultou num resultado positivo de 9 M€, ao contrário do ano anterior, que tinha sido negativo. Em todas as linhas de receitas operacionais, registámos crescimento nas três linhas. As receitas de provas da UEFA, que registaram um incremento, passaram de 61,9 M€ para 65 M€. Este incremento justificou-se por um maior valor atribuído no início da temporada, fruto da melhoria do ranking do FC Porto nas últimas 10 épocas. Isso deu um incremento na ordem dos 4 M€. Nos direitos televisivos, que está fechado até 2028, o valor é fixo por ano e registamos cerca de 43 M€. As receitas comerciais são o que cresce mais, na ordem dos 6,3 M€ de um ano para o outro. Resultam do merchandising, com destaque do sucesso da nossa terceira camisola do equipamento do ano passado. Na área da bilhética houve melhoria relativamente expressiva, na ordem dos 10%, sendo de notar que contribuíram as boas receitas que tivemos nos jogos com o Barcelona e com o Arsenal. O resultado operacional resulta das receitas operacionais e dos custos operacionais, sendo os custos com o pessoal, FSE e outros custos. Tivemos incrementos de receita que se situa no total de 8M€, que infelizmente acabou anulado por ser anulado pelos custos operacionais. Nestes resultados, têm algum impacto fatores que não temos todos os anos, como a multa da UEFA, a imparidade do Porto Canal, a imparidade de ativos fixos e 6 M€ em provisões, nomeadamente a um clube de futebol relativo à transferência de um jogador. Sendo estes custos de natureza não recorrente, acabam por impactar o resultado. Se não fossem estes custos, teríamos obtido um resultado positivo. Mas havia que os registar. Passando para a atividade com a transação com passes de jogadores: voltamos atrás dois anos e incluímos dois exercícios, para vermos a importância deles para a obtenção de um resultado positivo de qualquer SAD. Nos exercícios de 20/21 e 21/22 tivemos dois bons anos em termos de resultados com transações de passes, em que registamos num ano 30 M€ e noutro 40 M€. O exercício 22/23 foi um ano fraco em termos de vendas e este ano, a venda do Otávio, permitiu-nos estar no positivo na transação de passes, mas insuficiente para que o resultado líquido fosse positivo. Com a Liga dos Campeões e a estrututa de custos, precisávamos até junho de gerar na ordem de 20, 25, 30 milhões de euros com transações de passes jogadores para obtermos resultado líquido positivo. Tivemos um agravamento muito significativo de 22/23 para 23/24, passamos de cerca de 22,7 para 29,7 M€. Para este agravamento contribuíram novos financiamentos contratados com juros elevados. Destaque para o desconto da segunda tranche do atleta Otávio, que vencia a 1 de julho de 2024, que foi antecipada para o final de março e que teve um custo de pagamento de cerca de 2,2 M€. Um custo de 12% por um período de três meses. É uma operação muito onerosa. A isto juntaram-se outras muito elevadas para o que devia ser a atividade normal."