Pereira da Costa e as contas: reavaliação do Dragão, Champions, Mundial de Clubes, direitos televisivos e Ithaka
José Pedro Pereira da Costa, CFO da SAD do FC Porto, apresentou e explicou na manhã desta sexta-feira, em conferência de imprensa, as contas relativas ao exercício da temporada 2023/24
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Reavaliação realizada ao Estádio do Dragão: "O Estádio do Dragão em 2023 tinha valor contabilístico de 112 M€, no final foi efetuado uma primeira reavaliação ainda pela anterior administração que levou o valor para os 279 M€. Em termos de impactos nos capitais próprios, estes mais de 167 M€ reusltaram em impacto nos capitais próprios de 130 M€. Esta reavaliação veio a ser desafiada pela CMVM, num processo que se iniciou em março do ano passado e durou até agora, o que nos obrigou a rever. Trata-se de uma metodologia distinta que foi utilizada para avaliação do estádio. Inicialmente tinha o chamado método de rendimento em função dos fluxos de caixa gerados pelo estádio, com base no plano de negócios que existia. A CMVM questionou se essas receitas eram exclusivas do estádio ou cotribuíam outros ativos. Desconsiderou a avaliação que foi feita, utilizámos o tal método distinto, utilizando os fluxos de caixa de uma renda. Considerámos o Estádio do Dragão como um ativo imobiliário, fazendo o desconto de rendas que um clube de futebol utilizaria. Ela foi aceite pela CMVM, e descontando os fluxos resultou uma nova valorização, que agora se situa nos 213 M€. Houve redução de 66 M€ e em termos de capitais próprios tivemos uma redução de capitais próprios na ordem dos 47 M€."
Falhada a presença na Liga dos Campeões: "O impacto da não participação na Champions significa uma perda que situa na ordem dos 40 a 45 M€. No final do ano, o facto de termos sido 'despromovidos' implicou a perda de receita na ordem dos 30 M€."
Qualificação para o Mundial de Clubes: "Temos a qualificação para o Mundial de clubes, estimamos que o prémio venha a ser contabilizado neste exercício de 24/25. Não é certo, mas pode acontecer que a receita gerada pelo Mundial de clubes venha a ficar abaixo do que foi inicialmente estimado. Aquele valor de 50 M€ de receita potencial que se falava, vamos ficar um bom bocado aquém deste vaor. Ainda é incerto. Outro aspeto relevante: o campeonato joga-se em junho e nunca antes de abril teremos acesso a estas verbas."
Os direitos televisivos: "Em relação aos direitos televisivos, em termos de impacto económico tem o mesmo valor por ano. Vamos registar os tais 43 M€ até 2027. Mas em termos de tesouraria a situação não é igual, uma vez que os valores estão descontados até dezembro de 2027. Portanto, nos próximos quatro anos, temos 3,5 anos descontados em termos de receitas com taxas muito elevadas, acima dos 10 %. Nos próximos três anos vamos registar receitas de 43 M€, mas cash vai ser 0. Se olharmos para o agregado, para um valor de 170 M€, vamos ter cash de 30. Vamos ter 3 anos e meio sem receitas cash de direitos televisivos."
Acordo com a Ithaka: "Quando este novo conselho de administração chegou existia um acordo para explorar esta atividade comercial do Estádio do Dragão. Um acordo com a Ithaka em que o FC Porto cedia 30% dos direitos económicos por 65 M€ por uma ligação de 25 anos. Estas receitas comerciais têm potencial de crescimento. São o motor da atividade. Já sob este conselho de administração, depois de conseguimos renegociar e chegar a um valor potencial de 100 M€, achamos que o valor será superior aos 65 M€, sendo que o valor no closing da operação passou de 40 para 50 M€, sendo que ficou estipulada a opção de o FC Porto recomprar os 30%. Esta semana concretizámos e assinámos os contratos com a Ithaka. Já se concretizou este encaixe de 50 milhões de euros. Esta semana já temos 50 M€ na nossa conta, dos quais 15 M€ se destinam a financiar os investimentos que vamos fazer no estádio, modernizando o equipamento em várias áreas, proporcionando melhor experiência aos sócios e adeptos."