Luís Pinto soma três vitórias e um empate e joga com dois resultados para festejar a permanência contra o S. João de Ver. O treinador rendeu Emanuel Simões em janeiro e diz-se feliz no clube, pelo que a probabilidade de continuar é grande. O começo de época deu-se no Lourosa e serviu de aprendizagem.
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Aos 34 anos, Luís Pinto deu-se a conhecer sobretudo pela fantástica época passada realizada ao serviço do Leça, deixando o clube muito próximo da subida à Liga 3 e alcançando os quartos-de-final da Taça de Portugal. Esta temporada foi iniciada no Lourosa, com os maus resultados a precipitarem-lhe a saída. Agora, voltou a ser feliz em Fafe, onde lidera o grupo na fase de permanência, composto por S. João de Ver, Varzim e Montalegre. Com quatro pontos de vantagem sobre o segundo e o terceiro, a festa até já se pode fazer no sábado.
O Fafe soma três vitórias e um empate nesta fase de manutenção. Crê que a permanência já não foge?
-Ainda temos um caminho bem difícil pela frente. Temos um adversário muito difícil já no próximo sábado [S. João de Ver] e temos de estar no nosso máximo para garantir a manutenção. Nem de perto nem de longe penso que a manutenção esteja já garantida.
À entrada para esta fase, a equipa não partia como favorita. Pode dizer-se que este percurso está a ser uma surpresa?
-Partimos em terceiro lugar, com a necessidade de fazer mais pontos do que os nossos adversários, que estavam acima de nós. Propusemo-nos a trabalhar e a cada semana aproximarmo-nos do objetivo final. É nesse sentido que estamos a fazer as coisas. O trajeto está a ser bom, mas nada mais do que isso. Se está a ser surpresa ou não, eu não estou na cabeça das outras pessoas para saber o que pensam. Sei que para nós está a ser bastante reconfortante, está a ser um desafio muito grande fazer com que consigamos sempre superar-nos. Os jogadores são muito comprometidos com o trabalho.
Qual o segredo e quais as perspetivas para o jogo de sábado?
-Não existe segredo. Existe uma tentativa muito grande de os jogadores assimilarem as nossas ideias para serem o mais competitivos possível e têm-no feito muito bem. Julgo que tem sido a capacidade de os jogadores trabalharem, darem sempre mais. A superação tem sido a palavra chave e a que está mais presente no dia a dia. Espero um jogo muito complicado contra o S. João de Ver, uma equipa com uma forma de jogar muito própria e muito bem cimentada, com grandes executantes. Temos de estar na nossa maior força para ficarmos mais próximos de os vencer.
Em 11 jogos soma sete vitórias... Contava que a sua chegada tivesse este impacto positivo?
-Quando aceitámos um clube novo vamos para esse desafio a olhar para a oportunidade que temos de fazer as coisas bem, crescer enquanto equipa técnica e conseguir alterar o rumo, pois se houve mudança é porque as coisas não estavam no rumo pretendido. Se me perguntasse se em 11 jogos gostaria de ter sete vitórias, é óbvio que gostava, mas não nos focámos nisso. Focámo-nos em fazer uma avaliação ao plantel, tentando aumentar os índices de confiança dos jogadores e fazendo uma ou outra alteração no sistema tático. O facto de os jogadores terem conseguido adaptar-se bem fez com que conseguíssemos este registo que nos orgulha, mas que não nos diz nada se não ganharmos o próximo jogo. O passado não conta, só o presente nos interessa.
Começou a época no Lourosa e depois mudou-se para o Fafe. Que balanço faz dessa passagem?
-Há balanços que, por mais dolorosos que sejam, acabam por se traduzir em aprendizagens das quais temos de retirar coisas boas para a nossa vida profissional. Não é surpresa para ninguém que o Lourosa pretendia regressar à Liga 3, e para isso era preciso andar nos lugares cimeiros. Nós não tivemos essa capacidade enquanto lá estivemos, mas tenho a certeza que houve muita coisa bem feita e que serviu para evoluirmos enquanto equipa técnica para estarmos mais bem preparados. Dei os parabéns às pessoas de Lourosa pela passagem à fase de subida, nomeadamente ao Nuno Correia, que é o diretor-geral. A ida para Fafe foi natural, as pessoas já me conheciam, houve interesse e juntaram-se as vontades. Agora é tentar ficar na Liga 3, porque o Fafe merece, representa uma região em que os adeptos são muito apaixonados e é um clube com ótimas condições. Tem tudo para continuar a desafiar-se neste campeonato competitivo.
A vontade é continuar?
-Até ao dia de hoje sou extremamente feliz em Fafe.
Leça foi marcante num trajeto iniciado ainda como estudante
Quando estava a concluir o curso de Desporto na FADEUP, Luís Pinto foi convidado para ser adjunto de Porfírio Amorim no Trofense e a partir daí nasceu o sonho de ser treinador principal. "Comecei na II Liga, num clube que tinha estado há pouco tempo na primeira, e depois o bichinho foi crescendo", conta a O JOGO o treinador que passou pelo Leiria, Mirandela, Felgueiras, Real, Leça e Lourosa. "A época mais marcante foi no Leça. O que se pretendia era a manutenção e não conseguimos a subida à Liga 3 por um golo. Na Taça também fomos aos quartos, só perdemos com o Sporting e muitos jogadores saíram valorizados". Sobre referências, Luís Pinto diz que "a maior é José Mourinho, depois Villas-Boas" e também gosta de Ricardo Soares e Álvaro Pacheco. Guardiola e Kloop fecham o lote de modelos.