
Pepe foi entrevistado por O JOGO
Miguel Pereira/Global Imagens
ENTREVISTA >> A crença vendida pelo treinador de que é sempre possível dar a volta a uma má situação sustenta a esperança do capitão portista em conquistar o título. Mas, Pepe fala ainda de ser capitão e dos mais novos do plantel
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Pepe não se limita a liderar pelo exemplo. Quando é preciso, o central chama os companheiros à razão. Foi isso que aprendeu com todos os capitães que teve na carreira, inclusive quem lhe passou a braçadeira no FC Porto: Danilo.
Que tipo de capitão é: dos que lideram pelo exemplo ou dos mais interventivos?
-[risos] É uma boa pergunta. Um pouco dos dois, até porque depende do momento. Há momentos que pedem um pouco mais de rigor e que se exija mais a um companheiro em determinada altura do jogo, para que não relaxe ou não vá abaixo por uma decisão menos positiva. Mas o grupo é muito sadio, sabe o que quer, é muito humilde na hora de trabalhar e, quando é assim, torna-se fácil para um capitão. Os jogadores sabem o clube em que estão e conhecem os seus pilares, que passam por sermos competitivos e colocarmos sempre o nome do clube em primeiro lugar. Não pensamos no individual, mas no coletivo. É muito bom ter jogadores que reconhecem rapidamente o que o clube exige e o que o treinador pede.
Entre os capitães que teve, qual usa como exemplo?
-Ao longo da minha carreira tive vários e era injusto falar apenas em um, porque todos foram muito importantes para mim. Desde o Mitchell van der Gaag, no Marítimo, passando pelo Jorge Costa, aqui no FC Porto. O Jorge [Costa] foi um capitão referência para mim, porque passou a ideia do clube, o que é o clube, o que significa representá-lo e a responsabilidade de darmos o máximo dentro e também fora do campo. Tive o Raúl, o próprio Iker [Casillas]... Foram vários os capitães que também tive no Real Madrid que foram uma referência. Hoje tento aproveitar um pouco de cada um. O próprio Cristiano Ronaldo, na Seleção, com a sua paixão pelo trabalho e pelo jogo em si. Procuro passar isso e um pouco da minha experiência para os jogadores novos, que têm um futuro que só depende deles.
"Falo bastante com Mbemba e com o Diogo Leite para me atualizar"
"Gosto de aprender com os mais novos"
Defesa de 37 anos procura nas conversas com os jovens centrais do plantel a forma de ser renovar e adaptar ao futebol moderno.
Mbemba disse que era um honra jogar ao seu lado e que o Pepe lhe dava muitos conselhos. Como reage a estes elogios, que recomendações lhe dá e como é o entendimento, porque falam línguas diferentes?
O Mbemba já solta algumas palavras em português [risos]. Isso é bom, pois é sinal que a mensagem está a chegar aos meus companheiros. Tenho uma forma muito particular de ser que me marca muito, que é a humildade, o trabalho e a paixão em cada exercício e em cada lance de jogo. Para um defesa, é sempre importante ter essa determinação, tanto com o Mbemba, como com o Diogo Leite ou o [Diogo] Queirós, que também já passou por aqui. São pessoas com quem falo bastante, porque gosto de me atualizar. Apesar de eles não terem a bagagem de uma carreira de 20 anos, gosto de aprender com eles porque é sinal que me vou renovando e adaptando ao futebol moderno.
O que muda para um central de uma defesa a quatro para uma defesa a três?
-Depende do que o jogo vai exigir. Às vezes podemos jogar com dois centrais e um lateral a fazer de terceiro central, outras vezes podem jogar três centrais. Depende da exigência do jogo e do que se prepara para tentar surpreender o adversário. Com quatro, um lateral tem de atacar, outro tem de ficar, é o "abc" do futebol. Ou, se atacam os dois, o nosso trinco tem de dar esse suporte para ter sempre esse equilíbrio. Depende do jogo...
E entre jogar sobre a direita ou a esquerda? Que tipo de adaptações teve de fazer?
-Passei a minha carreira quase toda a jogar sobre a direita. Nos últimos dois anos aqui tenho jogado sobre a esquerda. Muda muito em relação a algumas coisas, em relação ao apoio, à abordagem aos lances, postura corporal também é completamente diferente.
