Central voltou a jogar depois de mais uma sucessão de contratempos aos quais se habitou a resistir. Quase nos 40 anos, ainda lhe antecipam muito para dar.
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Sérgio Conceição chama-lhe "animal competitivo", Fernando Santos aplaudiu o "monstro" e Pinto da Costa o "animal competitivo monstruoso", enquanto Pepe continua a dar provas de resistência e obstinação.
O capitão do FC Porto voltou à competição na quarta-feira, frente ao Arouca, cerca de uma semana depois de ter realizado uma cirurgia ao braço esquerdo, por culpa de uma lesão sofrida no Mundial, onde competiu por ter feito um enorme esforço na recuperação de um problema "chato" no joelho... Cansa só de ler.
Pepe é assim e, na opinião de Ricardo Silva, antigo central dos dragões, não é agora que vai mudar. Bem pelo contrário. "Só um grande profissional é capaz de jogar ao mais alto nível aos 40 anos. É um dos melhores jogadores do FC Porto e da Seleção Nacional. Foi mais um percalço na carreira e acho que nem será o último, mas ele está aí para durar", atira Ricardo, em conversa com O JOGO e admitindo que também já lhe "faltam os adjetivos" para descrever Pepe, que no dia 26 de fevereiro celebra quatro décadas de vida.
Esta última sucessão de queda-ressurgimento é só mais um desafio entre os vários que o central enfrentou desde que regressou ao Dragão, em 2019. O JOGO recorda outros na cronologia ao lado e, com algum azar pelo meio, claro, têm todos em comum a persistência e sacrifício, seja dar tudo para jogar um clássico ou assinar uma grande exibição com o sobrolho rebentado. Não obstante, nos balanços de temporada, Pepe está sempre entre os imprescindíveis. "É mais do que um exemplo para as próximas gerações, por tudo o que conquistou a nível individual e coletivo", comenta Ricardo Silva, convicto que o FC Porto, com Pepe em campo, "ganha liderança" e que o papel dele extravasa os cortes ou duelos aéreos. "O Pepe representa a história e dinâmica do FC Porto. Mesmo lesionado, o Pepe não estava em campo, mas estava sempre presente com o grupo. Por isso é que o Sérgio Conceição é outro grande líder, porque o levava para os estágios, mesmo que não o pudesse utilizar, sabendo a importância que tem", sublinha o ex-futebolista.
Cronologia
2019/20
Janeiro - fevereiro
Sofre uma contusão com edema do músculo solear da perna esquerda, em casa do Sporting. Um mês depois, retoma os treinos mesmo antes de um clássico fulcral com o Benfica e é titular. Sai aos 69" com limitações físicas, mas joga todos os minutos na retoma da competição depois da pandemia.
2020/21
Outubro - dezembro
Na véspera de defrontar Marselha, sofre uma lesão na fáscia plantar do pé esquerdo que o afasta mês e meio. No jogo em que regressa, parte a arcada zigomática, no rosto. É operado e, uma semana depois, joga de máscara contra o Benfica e ajuda o FC Porto a conquistar a Supertaça.
Março
Na segunda-mão dos "oitavos" da Champions, em casa da Juventus, abre o sobrolho, ainda na primeira parte. Recebe um curativo e completa 120 minutos que arrancam elogios de todo o mundo.
2021/22
Setembro
Sofre um edema muscular diante do Atlético de Madrid e tenta, em vão, alinhar contra o Liverpool, duas semanas depois.
Novembro - dezembro
É titular em Liverpool na ressaca de uma lesão que não o deixa levar o jogo até ao fim, pese o esforço. É de novo traído por um traumatismo no início de dezembro e só regressa em fevereiro, mas falha apenas um jogo por lesão no resto da época.
2022/23
Outubro - novembro - janeiro
Uma entorse com lesão no ligamento colateral interno do joelho esquerdo coloca o Mundial em sério risco. Pepe perde horas de sono, entrega-se com tudo à recuperação e chega a tempo. Contudo, no último jogo de Portugal, sofre uma fratura no braço esquerdo. É operado ao fim de quase um mês e reentra em ação uma semana após a intervenção.