Afinco no ginásio valeu perto de cinco quilos extra de músculo ao ex-Grémio, que necessitou de algum tempo para lidar com a nova estrutura física. Polivalência passou a ser virtude.
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Quase nove meses depois de aterrar em Portugal, Pepê largou de vez o rótulo de reforço prometedor para assumir um papel de destaque no FC Porto.
O extremo, cada vez mais influente, vai colhendo os frutos de um projeto para o adaptar ao futebol europeu, semelhante ao desenhado para Evanilson e que O JOGO revelou recentemente - o avançado até é um dos melhores amigos de Pepê e está a fazer a sua parte neste plano.
As metas estenderam-se desde o ganho de praticamente cinco quilos de músculo à insistência no trabalho sem bola e na ocupação de espaços. Tudo isto alicerçado na confiança transmitida por Sérgio Conceição ao longo de todo o processo, quer a nível interno, quer através dos elogios públicos, no que tranquilizou o extremo quando ainda era pouco utilizado.
Depois de se aplicar a sério no ginásio e sem falhar na alimentação, Pepê necessitou de mais algum tempo para se identificar e ajustar o estilo de jogo aos novos moldes corporais. Assim que queimou essa etapa, potenciou duas valências inegociáveis para o treinador: intensidade nos duelos e poder de explosão. Frente ao Lyon, por exemplo, além do golaço que marcou [ver caixa], o ala atirou-se às disputas de bola, procurando o choque várias vezes. Algo que lhe custava fazer nos primeiros tempos pós-Brasil. O crescimento, de resto, também se reflete na utilização: nos últimos quatro jogos, resistiu a várias mudanças na equipa e cumpriu os 90" - só Mbemba fez o mesmo, mas já joga sem parar desde novembro.
Igualmente indispensável tem sido a atitude. Segundo apurou o nosso jornal, Pepê mostrou recetividade total perante o cenário de atuar como lateral-direito, viu como um desafio para se valorizar. De tal forma que o ex-Grémio tem agora na polivalência uma das principais virtudes. No Brasil, atuava quase sempre como extremo esquerdo; nos últimos jogos, fixou-se à direita e é comum vê-lo a pisar terrenos mais interiores.
Pepê sabe que a metamorfose está longe de acabar e, por isso, a reta final da época é vista como uma oportunidade para cimentar um lugar no onze. Conceição decide mediante o rendimento apresentado no dia a dia, ou seja, a bitola é para manter.