Pedro Emanuel teve a mesma lesão de Nehuén Pérez: "Primeiros dias são os mais difíceis"
Pedro Emanuel, agora treinador na Arábia Saudita, sofreu uma rotura total do tendão de Aquiles quando era jogador dos dragões. Pedro Emanuel, que em 2006/2007 passou por longa recuperação, recorda esse processo e os passos que esperam o argentino nos próximos meses
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Ao significar um longo processo de recuperação, a rotura total do tendão de Aquiles figura entre as lesões mais temidas pelos futebolistas. Que o diga, Pedro Emanuel, atual treinador do Al Fayha, da principal liga da Arábia Saudita. A 11 de agosto de 2006, aquando de um jogo de pré-temporada do FC Porto frente ao Manchester City, o então central dos dragões lesionou-se ainda no aquecimento. Foi operado no dia seguinte. “A rotura total do tendão de Aquiles é, como nós sabemos, uma das lesões mais graves que existem para um jogador de futebol”, declarou a O JOGO o antigo defesa, acedendo a abordar o momento por que passa Nehuén Pérez, também ele central do FC Porto. “A vantagem do Nehuén é que é um jogador ainda jovem e a sua recuperação vai ser mais acelerada”, acrescentou o treinador de 50 anos. Este otimismo é explicado de forma simples: “O seu organismo vai permitir ter uma recuperação diferente da minha, porque eu já tinha 31 anos e, por isso mesmo, estava numa fase diferente da minha carreira”, justifica.
A verdade é que, depois de não ter feito qualquer jogo em 2006/07, Pedro Emanuel voltaria aos relvados na época seguinte, participando em 27 partidas pelo FC Porto. Antes disso, foi sujeito a uma segunda operação cirúrgica ao tendão de Aquiles esquerdo, a fim de debelar uma necrose parcial que atrasou ainda mais a recuperação. Em 2008/09, o então central alinhou em mais 15 jogos pelos dragões, tendo depois colocado um ponto final na carreira de futebolista. “O primeiro impacto é sempre difícil de suportar”, afirmou Pedro Emanuel, explicando um pouco o que aguarda Nehuén nos próximos tempos. “Estes primeiros dias são sempre os mais difíceis de ultrapassar, principalmente a nível psicológico, ao sabermos que vamos ter uma paragem prolongada e que vamos iniciar um processo onde somos nós a lutar contra nós próprios. A recuperação faz-se em função disso”, acrescentou.
O antigo defesa, agora treinador, assinala a importância de ser paciente e corajoso ao mesmo tempo. “Cada dia é um dia, o processo é lento e, por isso mesmo, há que estar muito focado e bem apoiado para que, nos momentos de fraqueza, nos dias em que nos vamos abaixo, tenhamos sempre suporte, quer seja familiar, quer seja profissional, como aconteceu comigo na altura”, destacou. “Tive duas cirurgias, porque a primeira não correu bem e tivemos de recorrer à segunda, e estive bastante tempo parado. Sei que esse é um momento delicado da nossa carreira, é sempre aquele momento que qualquer jogador não quer que apareça, mas, quando aparece, temos de encontrar uma solução”, recordou, Pedro Emanuel, antes de se focar um pouco mais no central argentino, que ontem mesmo teve alta hospitalar, um dia depois de ser operado, 48 horas após sofrer a grave lesão na segunda parte do FC Porto-Nacional. “Parece-me que o Nehuén é um jogador que tem demonstrado sempre essa fibra, essa garra e, naturalmente, isso é uma grande ajuda para o processo de recuperação”.
A finalizar, Pedro Emanuel sublinhou a importância de perceber que a recuperação será longa: “Sabemos que é um processo moroso, mas ao mesmo tempo é algo que nos obriga a superar-nos, como eu disse anteriormente, somos nós a lutar contra nós próprios e essa operação diária tem de ser o foco de toda a atenção do Nehuén”, finalizou.