O médio do Oliveira do Hospital está pelo terceiro ano consecutivo na Liga 3, depois de experiências no Lourosa e S. João de Ver, onde disputou a subida até ao fim, mas desceu. É por isso que considera este campeonato injusto
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Natural da Figueira da Foz, Paulo Grilo mudou-se para o Oliveira do Hospital, clube que está a gostar de representar, não só pela vertente desportiva, mas também pela familiar, porque lhe permite estar mais próximo de casa. O médio, de 32 anos, que se estreou a marcar frente ao Covilhã (2-1), na primeira reviravolta da equipa, acredita que o grupo tem condições de se manter na Liga 3, apesar de considerar que este é um campeonato injusto, pelas anteriores experiências vividas no Lourosa e S. João de Ver.
Estreou-se a marcar esta época com um golaço que deu a vitória frente ao Covilhã. O que representou para si esse momento?
-Representou os três pontos, que era o queríamos, para ver se conseguimos cultivar uma dinâmica de vitórias. Não representou mais do que isso.
Foi um golo contra uma equipa que já representou, isso também mexeu consigo?
-Não mexeu muito. Joguei lá, mas foi há muitos anos. Estão poucas pessoas do meu tempo, só o Gilberto, o treinador de guarda-redes [Luciano Vítor] e o diretor desportivo [Vítor Cunha]. Os clubes ficam, as pessoas passam. Tenho um carinho especial por já lá ter jogado, mas nada mais do que isso.
Esta foi a segunda vitória consecutiva em casa, depois de meia época sem conseguir ganhar nessa condição. Estão agora mais confortáveis a jogar perante os adeptos?
-Não é só jogar perante os adeptos. Não foi fácil o nosso início de época, as vitórias não apareciam, apesar de estarmos sempre a pontuar. É muito mais fácil trabalhar sobre vitórias, e a vitória de há duas semanas, frente ao Caldas, foi um balão de ar fresco. Temos de conseguir manter esta estabilidade em campo, pois se conseguirmos ganhar os nossos pontos em casa, o objetivo fica mais próximo.
O Covilhã é uma das equipas mais fortes desta série. Qual foi a chave para vencer este adversário?
-Foi a alma. Até aqui acho que nunca tivemos tanta alma. Normalmente, entrávamos mal nos jogos e depois de sofrermos um golo é que conseguíamos reagir. Desta vez, foi a primeira, esta época, que começámos a perder e conseguimos mesmo virar o jogo. Demonstrámos alguma alma. Em termos de organização, somos organizados e faltava acreditarmos mais em nós. Em vez de reagir, temos de começar a agir.
Quando faltam apenas dois jogos, a equipa já não tem hipóteses de ir à fase de subida, mas está a ter melhores resultados. Seria bom que a época tivesse começado só agora?
-Isso era uma maravilha! Quase de certeza que vamos à fase de manutenção, e é outro campeonato que começa. É bom começar a criar uma dinâmica de vitória para quando entrarmos nessa fase.
O que faltou para haver regularidade noutros períodos?
-Faltou, essencialmente, encarar o jogo desde o início com espírito de vitória, com alma, e não deixar andar. Reagimos sempre ao que o jogo nos dava e, principalmente a seguir ao jogo da Académica, começámos a querer ser mais protagonistas. Apesar de termos perdido esse jogo, o quarto seguido, sentimos que houve uma mensagem forte do treinador [Pedro Machado] para o grupo. A seguir ao jogo, ele disse que a responsabilidade da derrota era absolutamente dos jogadores.
Este é o seu terceiro ano na Liga 3, todos ao serviço de equipas diferentes. Que avaliação faz e o que o levou a escolher este clube?
-Foi o Oliveira do Hospital que me escolheu e não tinha muito mais opções. Quanto à Liga 3, não acho que seja um campeonato justo, pois as equipas que fazem mais pontos são as que descem, como no caso do Lourosa e S. João de Ver, onde estive. Fizemos mais pontos do que alguns adversários e acabámos por descer. Não é justo acabarmos uma fase regular com dez ou 15 pontos de avanço e de repente só termos mais dois.
A ideia passa por continuar cá para o ano, ou não está a gostar? E qual é a Série mais difícil?
-Não sei qual é a ideia do clube. Estou a gostar, porque é o primeiro ano que consigo conciliar a minha vida familiar com o futebol. Consigo ir a casa todos os dias e o Oliveira do Hospital deu-me esse conforto, pois sou natural da Figueira da Foz. A Série Norte é mais competitiva, devido aos campos e o clima ser mais pesado, o que torna os jogos mais equilibrados. Na Série Sul há mais espaço para jogar, há menos ritmo, não é tão intenso, joga-se mais com a cabeça e menos com o coração.
Estreia na I Liga pela Académica e festas no Lourosa e Santa Clara
Paulo Grilo é um jogador com currículo no futebol português, fruto da passagem por 12 clubes a nível nacional, embora uns tenham sido mais marcantes do que outros. Com a formação feita na Naval, emblema situado na sua terra natal (Figueira da Foz), o médio mudou-se depois para a Académica, de onde guarda as melhores recordações.
“Estreei-me na I Liga pela Académica e foi o clube onde fiz grande parte da minha formação. Também cheguei a jogar no primeiro escalão pelo Penafiel e destaco as subidas à I Liga pelo Santa Clara e à Liga 3 pelo Lourosa”, revelou o médio, de 32 anos, que é fã de Messi e tem uma família também ligada ao futebol. “O meu irmão faz parte da equipa técnica do Beira-Mar [Sérgio Grilo] e o meu pai [Sérgio Paulo] já foi jogador. Costumamos jantar aos domingos à noite, mas aí optamos por falar de outros temas que não o futebol”, brincou.