Patrícia Gouveia, a nova team manager das leoas: "A melhor forma de ajudar é fora do campo"
Em entrevista a O JOGO, a antiga média abordou a decisão "difícil" e também o momento da equipa verde e branca, que está "a pagar por uma fase menos boa" já ultrapassada. Título é tarefa "complicada"
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Aos 31 anos, Patrícia Gouveia disse adeus aos relvados, após 15 temporadas a competir ao mais alto nível e com 24 títulos conquistados. Foi uma despedida prematura, mas a capitã soube encarar de forma positiva.
Como se deu a transição de jogadora para team manager?
-Desde a pré-época que tive algumas condicionantes de saúde. Veio a confirmar-se que viria a ficar com algumas limitações e surgiu esta oportunidade em conversa com a Direção. Havia que suprir uma necessidade da modalidade e ter uma pessoa que estivesse mais junto da equipa para colmatar lacunas. Ponderei e foi a melhor decisão.
Mas foi uma decisão árdua?
-Sem dúvida. Queria continuar na modalidade depois de arrumar as botas, mas não tinha idealizado que fosse esta época e com a minha idade. Pus tudo na balança e percebi que a melhor forma de ajudar a equipa era fora do campo, mas sinto que ainda tinha predisposição psicológica para continuar a jogar.
Pretenderia reafirmar-se na equipa esta época. Fica alguma mágoa?
-Não, as coisas acontecem porque têm de acontecer e na minha vida pessoal também tiro algo positivo das coisas menos boas. Fecha-se uma porta, abre-se uma janela.
Em termos práticos, como está a ser o seu trabalho?
-O primeiro objetivo é estar muito perto das jogadoras no dia a dia, melhorar as condições que têm e responsabilizá-las de que temos sempre de fazer mais e melhor e continuar a trabalhar de forma afincada.
Por ter sido jogadora, sente que é uma mais-valia?
-Sim, quando me fizeram o convite, salientaram a minha experiência como jogadora. Por também ter vivido o futebol feminino numa fase completamente diferente da atual, tinha uma bagagem que podia ser útil e agradeço à Direção o reconhecimento do meu valor e capacidades.
Em termos desportivos, como analisa a época?
-Falhámos o objetivo de passar à fase seguinte da Liga dos Campeões e a Supertaça. No campeonato temos uma tarefa mais complicada, em comparação com os outros anos, mas ainda há muitas contas por fazer. Não dependemos de nós e o Braga é muito forte, reforçou-se muito bem, mas não damos nada por perdido.
Estão a cinco pontos do Braga. O que divergiu em relação às épocas passadas?
-O balanço será feito no fim da época, mas em alguns momentos, se calhar, poderíamos ter feito uma preparação melhor. Depende do planeamento feito. Se calhar, poderíamos ter-nos reforçado de forma diferente, mas não adianta falar do passado.
A saída da diretora Raquel Sampaio condicionou?
-Não acho que tenha condicionado. Foi uma decisão da Direção e do presidente Frederico Varandas. Entendeu que algumas alterações deveriam ser feitas para dar outro rumo à nossa modalidade. Estamos a trabalhar para fazer diversas correções para que as coisas corram melhor.
Sente que a equipa está a melhorar?
- Tivemos uma fase menos boa e estamos a pagar por essa fase menos boa, mas a equipa já se vê de uma forma diferente em campo.
Estamos em fase ascendente e a praticar um futebol muito mais fluido. A equipa está empenhada em jogar cada vez melhor.
Como encara o jogo com o Braga na Taça de Portugal?
- Se calhar para o Braga também foi uma surpresa encontrar-nos nesta fase. Há que ver o sorteio de forma muito positiva e jogaremos para ganhar. Queremos a taça.
Reforços na calha para breve
Patrícia (na foto) admite que o Sporting vai reforçar-se a breve prazo. "Estamos a trabalhar no sentido de melhorar o plantel, com mais-valias que nos permitam concretizar os nossos objetivos", diz, com uma explicação para o adeus da sueca Nathalie Persson, reforço que não vingou. "Nem sempre é fácil a adaptação de uma jogadora nórdica ao nosso futebol. Não sei se essa foi a principal razão, mas não se adaptou. Entendemos que o melhor seria esta opção e da nossa parte e da equipa técnica agradecemos o contributo que deu", explica a nova team manager.
Com o aval da equipa técnica
Braço direito do diretor Filipe Vedor, a mudança na vida de Patrícia Gouveia também mereceu a concordância da equipa técnica liderada por Nuno Cristóvão. "Sempre tive uma relação muito próxima com o professor Nuno e restante equipa técnica. Foram informados e todos reagiram de forma muito positiva, porque acharam que nesta fase podia dar mais à equipa desta forma do que como jogadora. Posso ajudar o professor em tarefas que eram complicadas para ele, visto que só a componente de treino toma-lhe muito tempo", explica Gouveia.