À procura da estreia na fase de grupos da Champions, o adversário do Benfica no play-off de acesso à prova passou de um orçamento de seis milhões de euros para mais de 40, em apenas seis anos
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Longe dos títulos há 34 anos, o PAOK entra amanhã na Luz com o objetivo de fazer história e marcar presença pela primeira vez na fase de grupos da Champions. E tudo graças a um homem que em seis anos transformou por completo o clube. Multimilionário russo, mas filho de pais gregos, Ivan Savvidis, que chocou o mundo do futebol em março, pegou num PAOK cheio de dívidas e à beira da bancarrota para colocá-lo a lutar pelo título, procurando quebrar a hegemonia dos clubes de Atenas. De tal forma que, desde que se tornou dono do clube, o orçamento disparou dos seis milhões de euros para mais de 40 milhões. A maioria dos jogadores tem ordenados superiores a um milhão de euros, com o reforço Wernbloom no topo da hierarquia, com 1,6 milhões.
Antigo sargento do exército russo e também deputado (tem boas relações com o presidente Vladimir Putin), Savvidis colocou a sua fortuna, construída a partir do negócio do tabaco - depois de ainda jovem trabalhar como palhaço, entrou aos 21 anos para a Donskoy, a maior empresa de tabaco da Rússia, chegando, já com o mestrado em Economia, a principal acionista -, à disposição do clube, assumindo-se, como revela a O JOGO Miguel Vítor, ex-jogador do Benfica que já passou pelo PAOK entre 2013 e 2016, como um presidente "sempre próximo dos jogadores". "Apesar de só falar russo, estava sempre com a equipa e falava abertamente com os jogadores", conta, sublinhando que Savvidis "salvou o clube".
"Deu um novo rumo ao PAOK. É uma questão de tempo até ser campeão", garante, revelando que Savvidis, líder que até já prometeu a... conquista da Champions, "é muito emotivo". "É entusiasta e festeja os triunfos, mas mostra o descontentamento quando as coisas não correm bem", frisa, confessando a surpresa pelo episódio de março: "Foi uma novidade. É costume andar com seguranças, mas nunca tinha reparado na arma."
Dono do clube, Ivan Savvidis vive intensamente os jogos da equipa
Em março, aos 90" do jogo com o AEK, Savvidis entrou em campo com uma arma num coldre, insatisfeito por o árbitro anular um golo que valia o triunfo ao PAOK. A liga grega esteve parada, o dirigente foi suspenso e o clube perdeu seis pontos, vendo o rival ser campeão.
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Eliminação do Basileia é aviso
Defendendo que o PAOK tem "o melhor plantel da Grécia", Miguel Vítor, agora no Hapoel Beer Sheva, de Israel, considera que o Benfica "é, sem dúvida, favorito" a assegurar o acesso à fase de grupos da Champions, devido à sua "experiência nestas andanças", mas também ao facto de ter "um plantel mais forte". Porém, o futebolista português deixa um aviso à turma comandada por Rui Vitória: "Nem sempre o favorito ganha. E, se olharmos às duas eliminatórias anteriores, o PAOK deixou para trás equipas como o Basileia, que causou problemas ao Benfica no ano passado, e o Spartak Moscovo, um clube bastante forte e poderoso financeiramente."
"Os adeptos podem olhar para o PAOK e pensar que será mais fácil do que o Fenerbahçe, mas no clube acredito que ninguém irá desvalorizar o adversário", atira, explicando que "será importante para o Benfica garantir um bom resultado na primeira mão", pois no seu reduto o PAOK "fica mais forte". A finalizar, Miguel Vítor elogia o avançado Prijovic, "um goleador muito forte fisicamente e a jogar dentro da área", assim como "os criativos, como Pelkas" e a defesa "muito organizada", onde atua Vieirinha.