Aplausos, assobios ou cânticos dos adeptos não se ouvem há um ano nos recintos dos clubes. Dois testes-piloto feitos pela Liga e dois embates caseiros do Santa Clara foram exceção
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A pandemia de covid-19 foi responsável, durante um ano, pela realização de quase 300 jogos da Liga NOS sem a habitual "banda sonora" dos adeptos nos estádios, algo inédito na história do futebol português.
Após parar por três meses no ano passado, devido ao coronavírus, a Liga NOS regressou em junho e, já contando a 22.ª jornada da atual edição, que se realiza este fim de semana, 283 jogos foram disputados à porta fechada, ou seja, sem aplausos, assobios ou cânticos.
Há um ano que os estádios portugueses perderam a "banda sonora", que foi substituída pelos gritos de jogadores e treinadores e pelos apitos dos árbitros, entre o puro silêncio que invadiu as bancadas.
Durante um ano, em jogos do principal escalão, os açorianos do Santa Clara tiveram direito a algum apoio no seu estádio, ainda que de forma muito restritiva, e aconteceu o mesmo com Tondela e Farense, mas apenas em uma ocasião.
Os 1.924 espetadores que estiveram no Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada, que tem capacidade para 12.500, no jogo Santa Clara-Sporting (1-2), da quinta ronda, em 24 de outubro de 2020, representa a maior "enchente" no último ano em jogos do primeiro escalão.
Antes disso, em 03 de outubro, no primeiro jogo com adeptos desde o início da pandemia, 873 adeptos foram apoiar o Santa Clara na receção ao Gil Vicente (0-0), enquanto, mais recentemente, no final de fevereiro, já depois da nova vaga de surtos, 924 pessoas estiveram no recinto micaelense no triunfo sobre o Paços de Ferreira (3-0).
Ainda sem imaginar que iria existir uma nova vaga da covid-19 no país, a quinta jornada desta época serviu mesmo para a Liga de Clubes encetar dois testes-piloto no regresso do público aos jogos, com 860 pessoas a marcarem presença no Estádio Algarve, no desaire do Farense com o Rio Ave (1-0), e 132 a assistir ao triunfo caseiro do Tondela sobre o Portimonense (1-0), no Estádio João Cardoso.
Além da Liga NOS, a final da Taça de Portugal de 2019/20, conhecida também como a maior festa do futebol português, não resistiu à pandemia e foi disputada por FC Porto e Benfica, à porta fechado no Estádio Cidade de Coimbra, e não no habitual Estádio Nacional, em Oeiras.
Esta época, o palco do jogo decisivo da prova-rainha, entre Benfica e Sporting de Braga, vai ser novamente o Estádio Cidade de Coimbra, desta vez pelas más condições do relvado do recinto localizado no vale do rio Jamor.
Também a recente fase final da Taça da Liga, vencida pelo Sporting, decorreu sem adeptos, em Leiria, depois de a Liga de Clubes ter alimentado alguma esperança em acolher espetadores nas bancas no reduto conimbricense.
Durante o último ano, a seleção nacional teve "direito" a ter algum apoio nas bancadas, em jogos realizados em Portugal continental, com o Estádio José Alvalade a abrir as suas portas, de forma muito limitada, em outubro de 2020.
No dia 07, num particular com a Espanha (0-0), 2.500 adeptos estiveram no recinto "leonino" para apoiar Portugal e, uma semana depois, em 14, 5.000 marcaram presença no triunfo sobre a Suécia (3-0), para a Liga das Nações.
O mesmo cenário aconteceu lá "fora" e nas principais Ligas europeias, embora Inglaterra, Alemanha e França tenham avançado para a reabertura dos estádios no final do ano passado, de forma muito restritiva, situação que durou pouco tempo devido à nova vaga da covid-19, que voltou a "fechar" a Europa e grande parte do mundo em janeiro.