Palhinha mostra dotes em terrenos mais adiantados: "É um jogador único a nível nacional"
O JOGO ouviu ex-médios do Sporting para avaliarem o crescimento. Delfim salienta a confiança dada por Amorim. Já Luís Loureiro diz que Matheus Nunes defende bem e deixa o internacional luso subir
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João Palhinha foi uma das figuras do jogo do Sporting com o Belenenses e assumiu um papel importante no ataque do campeão nacional. O jogo do médio frente aos azuis foi o melhor a nível ofensivo desde que o jogador de 26 anos e o técnico Rúben Amorim voltaram a trabalhar juntos, depois da experiência em Braga.
Em 2020/21, por exemplo, Palhinha nunca fizera tantos remates enquadrados à baliza num só jogo e só por uma vez tentara quatro tiros (Nacional, a 8 de janeiro). No sábado, o "6" tentou ainda seis dribles e ganhou seis dos 11 duelos ofensivos.
Os números recolhidos por O JOGO através da plataforma "Wyscout" reforçam que Palhinha está a avançar no terreno. Nos quatro jogos desta época, que incluem dois frente ao Braga, tem uma média de um remate por jogo, superando os 0,71 de 2020/21. Mais relevante, duplicou os dribles, crescendo na eficiência dos mesmos, com 1,5 por partida. Expandiu a área de ação, disputa mais duelos ofensivos e aparece nas alas, somando três cruzamentos em quatro partidas quando na época passada nem chegava à média de um por cada dez jogos.
O JOGO ouviu antigos médios defensivos do Sporting e tanto Delfim como Luís Loureiro destacam a evolução ofensiva. "Tem a ver com o enquadramento que ele tem, os colegas e a filosofia que o treinador passa. Há uma grande dinâmica na equipa e quando a bola lhe chega aos pés nota-se melhoria no transporte de bola e nas ações individuais", explica Delfim, um exemplo de um trinco que arriscava subir pela força do pontapé.
O campeão de 2000 vinca a confiança que Palhinha demonstra em campo e que Rúben Amorim admitiu dar-lhe em treino: "O Palhinha acredita que pode ser uma mais-valia e taticamente acaba por ter mais espaço. Reivindica essas subidas, porque, por outro lado, recupera sempre rapidamente a posição, um pouco como é intrínseco a um médio-defensivo."
Luís Loureiro comenta que Palhinha atacou mais pelo facto de o Belenenses "não ter feito mossa", mas vê ganhos na mudança de parceiro de meio-campo. "Nota-se que cresceu pela qualidade que tem e pela confiança que advém do estatuto que tem vindo a adquirir. Só que o jogo do Sporting permite que ele apareça na área e o Matheus Nunes dá um grande equilíbrio defensivo. Tem uma leitura rápida para equilibrar a equipa e dá uma liberdade ao Palhinha que ele não tinha com o João Mário", considerou o agora treinador do Real Sport Clube, outrora um jogador mais fixo como "6" ao jogar no vértice mais recuado do losango de Paulo Bento em 2005/06.
Capacidade sem paralelo na Liga
João Palhinha é um dos nomes mais cobiçados no plantel do Sporting, que continua a rejeitar vender o atleta por menos de 40 M€. Luís Loureiro advoga que o médio não tem substituto ou jogador comparável em Portugal: "É um jogador único no Sporting. Diria até que é único a nível nacional. Pela condição física, é um monstro e digo isto de forma elogiosa." Delfim elogia Palhinha, mas acha que o leão seria capaz de sobreviver sem ele: "Não é pela saída de um jogador que perderão a coesão."