"Pablo passou por humilhações, situações difíceis e muita tristeza"

Leia também Kiwior e Bednarek no FC Porto: lei do polícia bom e polícia mau

Destaque neste arranque de época, Pablo Felipe já rendeu seis golos ao Gil Vicente, estando entre os melhores marcadores da liga. Ainda mais evidente é a sua influência, porque sempre que marcou a equipa de Barcelos cantou de galo. O brasileiro, de 21 anos, em vias de adquirir a nacionalidade portuguesa, esteve em foco nas cinco vitórias gilistas neste campeonato, pelo que os 16 pontos entretanto somados colocam um relevo impressionante no filho de Pena, antigo avançado do FC Porto, que vai ganhando reputação de jogador a não perder de vista.

O atual quarto lugar dá conforto e entusiasmo ao conjunto de Barcelos, junta créditos a César Peixoto e o goleador pisca o olho a um futuro radioso. Está na crista da onda, vê a vida de vento em popa, depois de bisar ante o Estrela da Amadora. Os aplausos são estridentes, chegam do Brasil, de um progenitor que também alcançou certificado de goleador em Portugal. "Vejo com alegria tudo o que tem feito, tem corrido muito e procurado as melhores performances. Caminha para a sua melhor época, fazendo coisas simples, mas fazendo-as sempre, em cada jogo. Beneficia da sequência de jogos que não havia tido antes, e a jogar sempre na sua posição, o que não acontecia antes", atira Pena, crítico de algum desaproveitamento das qualidades de Pablo, tanto no Famalicão como no Gil Vicente, na última temporada.

"No Paços de Ferreira teve a oportunidade de jogar sempre, e nas suas funções. No Gil, na época passada, tiveram dificuldades em colocá-lo na posição certa. Depois vieram as confusões de ter sido uma transferência sem o consentimento do treinador. Teve de correr atrás do prejuízo, mostrou as suas condições para jogar, mas esteve muito tempo sem ser convocado", evidencia o antigo artilheiro, reforçando a alma predadora do herdeiro. "Foi sempre um miúdo que fazia golos, e jogando como 9 fazia imensos. Desviaram-no para extremo ao subir a sénior e isso dificultou imenso. Só corria e perdeu as suas características. Pablo tem de ser avançado, ou jogar por trás. Mas também admito que isso foi importante para ele, hoje faz golos e também impressiona no seu jogo de marcação, sempre de um lado para o outro. É bem visível", elogia. "Foi um erro, mas, agora, está mais completo e feliz por jogar no seu lugar, o lugar que o revelou com 17 anos", acrescenta Pena, relativizando o seu papel como perfil inspirador. "É tudo mérito dele. Limito-me a aconselhar e mostrar o melhor caminho. Que deve aproveitar os minutos e as oportunidades que recebe, seja jogando 90, 70 ou 15 minutos. Houve muito esforço dele, sacrifícios que tornearam as dificuldades. Passou por humilhações, situações difíceis e muita tristeza, mas, felizmente, está a ser abençoado", descreve Pena, taxativo sobre as qualidades que têm estado ao rubro."Esta será a sua melhor época. Ele tem características que poucos avançados portugueses têm. É forte, prende bem a bola, sabe marcar e também constrói. Faz golos de várias formas, é moderno e completo. Só precisa que o treinador confie nele, como está a acontecer", remata.

Seleção portuguesana mira

Pena confia que a pontaria vai seguir infalível e os horizontes vão tornar-se ainda mais airosos, podendo fervilhar a mente de tantas e boas expectativas."Espero muito mais, vai tornar-se um grande avançado, ajudar muito o Gil e também, em breve, a Seleção", projeta, apontando um caminho para Pablo sentir brevemente as cores portuguesas. "Portugal sempre acolheu bem os brasileiros, foi um terreno fértil para singrarem. A maioria esteve muito bem, outros perdem-se porque há sempre artistas que prejudicam carreiras, cuidando só dos seus interesses", atira, num lamento e num aviso para que diligências sejam apressadas."Espero que Portugal possa fazer tudo pela documentação do Pablo, para ficar legalizado e contar para as seleções. É um desejo muito forte dele ser integrado o mais breve possível nos sub-21. É o país onde nasceu, quer ter essa cidadania e crescer mais como jogador", afirma.

Talento fervilha na família

Pena alertou antes do clássico para o FC Porto "ser esperto" e começar a negociar Pablo, até porque seria "felicidade a dobrar" ver o filho chegar ao clube onde ele conquistou estrelato e admiração. O brasileiro aposta que está a nascer "um grande nome para o futuro do futebol português".Além das expectativas com Pablo, Pena também centra atenções no filho Pedro Lucas, de 17 anos, que está no Moreirense. "Já fez a pré-época com os seniores e tem potencial. Esse é o meu trabalho, estar a maioria do tempo em Portugal, dando suporte e cuidando dos meus filhos, mesmo tendo uma academia no Brasil. Temos a paixão pelo futebol na família e tento guiá-los em tudo o que esse desporto me presenteou".