Otávio, médio do FC Porto, deu uma entrevista à Revista Dragões e falou da relação com o treinador Sérgio Conceição. Trabalharam juntos no V. Guimarães e, depois, no clube azul e branco.
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Primeira impressão que teve de Sérgio Conceição, ainda no V. Guimarães: "[risos] Na verdade foi a mesma que tenho hoje... Aquele feitio dele, que o faz retirar o máximo de cada um. Ajudou-me muito, mas também sofri muito nos primeiros tempos com ele. Foi quem mais me ajudou até hoje e agradeço-lhe por isso, por extrair sempre o melhor de nós."
Episódio com o treinador: "Há muitos, mas este é o mais engraçado e aquele sobre o qual ainda falamos hoje em dia. Quando ele chegou, eu tinha acabado de me lesionar, estava a recuperar, ele chamou-me ao gabinete e perguntou: "Achas que dá para jogares meia hora ou 20 minutos?". Eu respondi que se ele quisesse eu estava pronto, mas quando saiu a convocatória eu nem sequer fazia parte [risos]. Fiquei cego, mas ele é assim e é dessa forma que retira o máximo. Passei uma semana cego, mas a treinar no máximo, como ele sempre pediu. Depois tive as minhas oportunidades."
Feitios dos dois em choque? "É normal. Ele tem a personalidade dele, eu tenho a minha, mas sempre o respeitei a ele e à hierarquia. Ele comanda e eu só tenho que respeitar. Claro que também tenho as minhas opiniões, mas quem manda é ele. Já batemos de frente, mas isso é normal entre quem quer ganhar."
Ensinamentos no primeiro ano juntos: "Disse-me para dar tudo em todos os momentos. Às vezes eu desligava-me um pouco do jogo e com ele aprendi que tenho de fazer sempre 90 minutos de intensidade com e sem bola. Ajudou-me muito e tornou tudo mais fácil, pois um jogador sente-se mais feliz por participar mais no jogo. Para mim, ser agressivo numa jogada para roubar a bola é tão importante como estar na frente a fazer golos. Isso também dá confiança."
Segredo para o sucesso de Conceição: "É ter a sua forma de estar e não mudar por nada, independentemente dos resultados e de tudo o resto. Ele tem uma ideia na mente e só aquilo importa: intensidade, trabalho, rigor e paixão. É isso que nos tenta transmitir. Quem está com ele há muito tempo já sabe disso, mas quem chega também aprende logo. A verdade é que muitos dos que chegam demoram três, quatro ou cinco meses, mas depois parece que já jogam no FC Porto há muito tempo. É isso que faz dele um grande treinador com muitos títulos."