Antevisão ao jogo frente ao Moreirense, da ronda 32 do campeonato, agendado para as 20h15 de sexta-feira
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Como encara o jogo com o Moreirense? "Queria começar por desejar uma rápida recuperação ao treinador adversário. Já tínhamos falado no final do jogo anterior que nos faltam três jogos, que temos nos preparar ao máximo e ir buscar os três pontos nos três jogos. Nesse sentido, não pode existir nenhum tipo de relaxamento e há que os preparar como se deve, porque é um compromisso que devemos aos nossos adeptos."
Alan Varela não poderá jogar. De que forma será substituído? "Taticamente temos algumas soluções. O Alan [Varela] é um jogador muito importante para nós, sem dúvida, mas temos elementos para o substituir."
Que balanço faz destes três meses como treinador do FC Porto? Está desiludido? "É difícil fazer balanços quando ainda se está a meio da competição e é preciso olhar para trás. Só farei balanços quando terminar a época, mas vamos analisando o processo. Revemos tudo o que vai acontecendo, como nos vamos adaptando, que matrizes podemos incorporar, que coisas não estão a funcionar, que erros que podemos eliminar e, a partir daí, procurando a melhor a forma de sermos competitivos. Ao longo do processo, em certos momentos conseguimos evoluir como equipa, viu-se a ideia que queremos que se veja e, noutros momentos, isso não teve o impacto que queríamos. Também existiram jogos, como o anterior, em que ficámos muito longe do que queremos ser. Essa irregularidade, que não é só de agora e já vem de toda a época, é um ponto a corrigir. Uma equipa ganhadora, campeã, precisa de regularidade, sem sombra de dúvidas. Nesse sentido, temos de melhorar, assim como noutras questões táticas, mas a regularidade é determinante. Por isso, nestes três jogos é preciso procurá-la para encarar a próxima época da melhor maneira."
Já foi associado ao Boca Juniors e ao Rayados. Se não conseguir o terceiro lugar, faz sentido continuar como treinador do FC Porto? "Quero ser suficientemente claro neste tipo de rumores, sejam bons ou maus. Vou ficar no FC Porto até 2027, pelo menos. Estou 1000% comprometido com a instituição, tenho muita ilusão sobre o que queremos construir, vê-lo conseguir o que sabemos que vamos conseguir e, nesse sentido, sou um lutador incansável. E muito obstinado. Por isso, o meu compromisso com o FC Porto é o máximo. Em relação aos rumores, não os ouço e não os alimento, porque não sei."
Como lida com a crítica e o descontentamento dos adeptos? "Não ligo muito à crítica, porque é ruído e tento concentrar-me muito no que temos de fazer. Há muito trabalho para fazer para te estares a intoxicar de ruído. Os adeptos manifestaram o seu descontentamento no último jogo e, nesse sentido, têm o direito de o fazer. Mas também sabemos que amanhã vamos jogar em casa e que nos vão apoiar, porque os adeptos são assim, esperam pelo jogo toda a semana e por vezes têm de viajar muito com a ilusão de ver a equipa a ganhar. Embora ganhar seja o mais importante, onde nunca se pode faltar aos adeptos é na competitividade. Parece-me que isso é tudo, porque quanto mais competirmos, mais próximos estamos de ganhar. Então, parece-me que quando não o fazemos da forma como queremos, as críticas são válidas, porque os adeptos também souberam aplaudiram quando não vencemos e a competitividade foi o que se espera. Não podemos oferecer nada, porque em todos os jogos vi um FC Porto competitivo e neste último faltou-nos um pouco dessa competitividade que já falámos com os jogadores. Isso não pode acontecer."
Como está o ambiente dentro de portas, a relação com Zubizarreta e o plantel depois da reprimenda antes do jogo com o Estrela da Amadora? "Não sei o propósito da pergunta. Excecional. Temos boa relação com todos os que trabalham dia a dia no FC Porto, gostamos de estar juntos, de conviver, falar de diferentes situações… Depois, em relação ao plantel, com vontade de vingança, de terminar a época da melhor maneira, porque somos seres competitivos e vivemos disso. Por isso, quando sentir que não o fizemos da melhor maneira, queremos que chegue o próximo jogo o mais rápido possível para o voltar a fazer. Há jogos em que sabes que perdeste, mas deste tudo e outros em que queremos jogar rapidamente. Isso acontece porque somos competitivos e vamos à procura dela de forma imediata. É isso que competimos. Por isso, não tenho nada para te dizer a esse aspeto."
Rodrigo Mora marcou quatro dos últimos seis golos do FC Porto. Que explicação tem para esta dependência de Mora? "Esperava que a nível coletivo a equipa estivesse noutro momento? "Não sei. Como Mora está num bom momento, tem sido ele a fazer golos. Depois, que apenas um jogador tenha marcado não me diz nada sobre o valor da equipa. Para que o Mora faça dois golos, há todo um trabalho por trás, não é só o Rodrigo, é uma equipa. Vivemos… Vivem – vou distanciar-me disto – de resultados. O golo é o resultado. Tem impacto. O que não tem impacto, vocês não veem. Só veem o que tem impacto. Se foi ou não foi golo. Se foi ou não foi falta. Se a defendeu ou não. Só vivem disso. O golo tem impacto. Por isso, como só vivem do que tem impacto, como o Rodrigo fez os golos, a equipa está em muito mau nível. O Rodrigo está num nível muito bom e os demais estão num nível mau. Essa pergunta carece de tudo. A análise é muito mais profunda, porque para que o Rodrigo, com o seu talento – bem-vindo seja –, dentro da área, resolva e faça esse tipo de golos com a sua magia, também há outros elementos que defendem, correm, pressionam, que desgastam o rival movimentando-o. Quando falamos de coisas sobre a perspetiva do resultado, vou afastar-me. Podemos falar de rendimento, mas de forma mais ampla. Não com esse enfoque."
Quando chegou, o FC Porto estava em igualdade pontual com o Benfica. Doze jornadas depois, o FC Porto está a 13. Que explicação pode dar aos adeptos para esta quebra tão acentuada em comparação com um rival na luta pelo título? "Se te explicar, dou-te dez títulos de desculpas. Vocês convidam-me a explicar aos adeptos. Se quiserem, juntamo-nos aos adeptos e explico. Agora, explicar-vos a vocês para explicar os adeptos, é dar-vos títulos. Não quero entrar nesse jogo. Há um processo, uma mudança de ideias, um monte de coisas que posso explicar. Há mudanças radicais na forma de jogar, adaptações, resultados, há venda de jogadores… Há muitas coisas que poderia enumerar. Fizemos essa análise. No meu caso, faço-o todos os dias, porque esse é o meu trabalho como treinador. Gosto de entender o porquê de tudo. Assim, não faço as coisas apenas por fazer, mas o seu funcionamento. Interessa-me como é o funcionamento da máquina, não que funciona carregando num botão. Essa é uma ferramenta fundamental para seres melhor. Temos de entender o porquê, porque às vezes equivocas-te e tens de perceber o que estás a fazer bem e mal. Vivemos do acerto e do erro. E errar acontece. Isso é permitido, o que não pode ser permitido é dares conta de que erraste e tens de melhorar. Tranquilo. Nós fazemos essa análise."