Foi de cabeça que o brasileiro evitou o maior jejum de golos de sempre. Os números fazem dele o melhor cabeceador em Portugal e... na Europa.
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Sem marcar desde 1 de fevereiro - passaram 12 jogos - Soares conseguiu evitar o 13º que seria a série mais negra da carreira.
Fê-lo contra o Belenenses e de cabeça, naquela que é uma das principais virtudes como avançado, hoje e no passado.
Os números são muito claros. Os 17 golos que marcou em toda a temporada, oito deles na Liga, são até abaixo daquilo que tem feito no FC Porto. Mas, de cabeça, está ao nível dos melhores, quer em Portugal quer lá fora. O cabeceamento certeiro contra o Belenenses - nem teve de saltar - foi o sétimo da temporada, quinto no campeonato. Só Paulinho (Braga) tem tantos na Liga, apesar de ter precisado de mais minutos para o conseguir. E, no acumulado de todas as provas, fica-se pelos seis. Nesse item, o golo ao Belenenses serviu para igualar Robert Lewandowski (Bayern) e Sebastian Andersson (Union Berlim) como os melhores entre quem joga nos 10 principais campeonatos europeus. Nenhum tem mais jogos esta temporada, o que até permitirá a Soares ultrapassá-los, se voltar a cabecear com sucesso num dos cinco jogos (quatro para campeonato e a final de Taça de Portugal) que lhe faltam disputar. Mais, se alargarmos a lista aos principais 20 campeonatos europeus, só Morelos, o colombiano do Rangers, que os portistas bem conhecem, marcou mais, dez no caso.
Em resumo, Tiquinho está na linha daquilo que já mostrou noutras épocas pelos ares. E tem uma relação fantástica entre o número de cabeceamentos certeiros e o total de golos: são 34 em 87 golos que marcou desde que chegou a Portugal, num total de 39%. Com o pé direito, o seu melhor, marcou "apenas" 27, cerca de 31 por cento.
O jogo aéreo foi, aliás, o seu primeiro cartão de visita em Portugal. Na primeira época e meia por cá, mais precisamente pelo Nacional, oito dos 16 golos que marcou foram de cabeça. Seguiu para Guimarães e, em 2016/17, entre os vimaranenses e os dragões, a quem se juntou a meio a temporada, marcou mais sete golos pelo ar. A época 2017/18 foi a pior nesse aspeto. Foram quatro golos apenas, numa temporada em que foi prejudicado por duas lesões e na qual só foi titular em 19 ocasiões. Em 2018/19 recuperou o estatuto de indiscutível e bateu dois máximos pessoais: subiu o total de golos para 22 e o total de golos de cabeça para 10. Esse é um número mais difícil de igualar em 2019/20, mas para ficar na história nem é preciso mais.
Entre os melhore cabeceadores do FC Porto, e desde que há registos estatísticos, o brasileiro passou a ser o melhor. Falcao já tinha ficado para trás em dezembro, agora foi a vez de Jackson. Neste século mais ninguém se aproxima. E, recuando ainda mais, será preciso chegar aos tempos de Mário Jardel para Tiquinho encontrar melhor do que ele. Na história recente da I Liga, outro recorde. Soares igualou Bas Dost, avançado holandês que esteve três épocas no Sporting e saiu para o Eintracht Frankfurt. Da lista dos 10 mais, só Dyego Sousa, presentemente no Benfica, se pode aproximar.