Com menos tiros que o Gil, águia caiu nos ataques posicionais, cantos e passes para último terço em relação à média na Liga.
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Embalado por uma série de seis vitórias consecutivas no campeonato, o Benfica procurava manter a cadência de olho na recuperação pontual para os lugares cimeiros mas acabou por cair com estrondo em pleno Estádio da Luz diante do Gil Vicente, vendo agora a distância para Sporting e FC Porto aumentar para os 12 e seis pontos, respetivamente.
Após um triunfo claro sobre o Paços de Ferreira na última jornada, por 5-0, os encarnados entraram em campo, porém, em subrendimento, algo que levou Jorge Jesus no final a apontar a existência de "dois "Benficas"" na partida, assumindo deficiências na equipa nos primeiros 45 minutos.
E os números mostram que as águias não foram capazes de empurrar o Gil Vicente, pecando no capítulo ofensivo e permitindo, pelo contrário, veleidades nada habituais na etapa inicial em relação ao habitual na Liga NOS.
Com apenas três disparos nos 45" inaugurais, o Benfica não acertou por uma única vez na baliza de Denis, registo negativo apenas batido nos desaires ante Boavista (um remate, direcionado) e Sporting (um tiro, fora do alvo). Com menos ataques posicionais, contra-ataques (não conseguiu nem um) e cantos, situação da qual não foi capaz de rematar neste período, os jogadores comandados por Jorge Jesus até fizeram mais passes e com maior acerto do que é normal, mas fizeram-no menos vezes quer para a frente quer para o último terço - na primeira situação fizeram 84 entregas, contra as 87,7 de média, enquanto para o terço final baixaram das 35,3 para as 33 tentativas, vendo a eficácia cair também, dos 76,2% para os 69,7% -, sinal assim do menor perigo causado aos de Barcelos.
"Na primeira parte, a primeira fase de pressão não conseguiu anular o Gil Vicente, que conseguiu sair com alguma facilidade. Isso obrigou-nos a correr muito mais para trás do que é habitual e o Gil acabou por conseguir marcar primeiro", apontou Jorge Jesus sobre a exibição do Benfica, que, como sinal dessa pressão inexistente, consentiu precisamente ao adversário em média 12,5 passes nos seus primeiros 60 metros em comparação com os 7,5 habituais. Esta menor pressão verifica-se também no facto de o Gil Vicente ter registado apenas 38 perdas quando em média os adversários perdem o esférico por 57,7 ocasiões no primeiro tempo.
Com mais bola, os pupilos de Ricardo Soares, que remataram o dobro das águias (seis vezes), mas até acertaram apenas uma vez na baliza de Helton Leite, o suficiente para chegarem à vantagem, fizeram, por comparação com os adversários das águias, mais ataques posicionais, mais contra-ataques e tiveram mais cantos. Procurando ferir o Benfica, os gilistas até se equivaleram com os da casa nos passes para a frente e com melhor eficácia (82 entregas, com 80,5 por cento de certeza, contra os 78,6% dos encarnados).
Perante uma equipa apagada, Jorge Jesus mexeu ao intervalo e foi arriscando com o passar do tempo, vendo a equipa empurrar então o Gil Vicente para a sua zona defensiva. Porém, os galos viriam mesmo a chegar ao segundo golo de vantagem, enquanto os benfiquistas pecaram bastante na finalização. Com apenas uma de 16 tentativas no alvo no total da partida (6,3 por cento) - a única vez foi por Rafa, já aos 87", no lance que viria a originar o autogolo de Vítor Carvalho -, as águias alcançaram a sua pior marca neste capítulo, superando de forma negativa os 15,4% de acerto no alvo na visita ao São Luís, ante o Farense. Fizeram então 15 remates e acertaram duas vezes na baliza, tendo ficado em branco, saindo com um 0-0.