"Os clubes não estão preparados para responder às medidas que estão a ser pedidas"
Francisco Salgado Zenha, vice-presidente do Sporting, participou no painel "Controlo Financeiro", do Thinking Football Summit, evento organizado pela Liga que decorre até domingo, no Porto.
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Garantir maior transparência no futebol: "De facto o futebol tem uma base diferente dos outros sectores. O negócio do futebol tem essencialmente dois tipos de investimento: a associação, que é que temos na maioria dos clubes Espanha e a maioria em Portugal, não tem fins lucrativos. Depois temos o tipo de investidores como Abramovich e outro tipo de oligarcas que compram clubes quase que por lazer, com objetivos também políticos. Isso faz com que o objetivo de um clube/empresa não tenha o mesmo objetivo e depois há situações como as que temos atualmente, e falo pelo Sporting, em que herdamos situações financeiras muito difíceis porque ao longo dos anos não houve um objetivo de equilíbrio financeiro associado ao objetivo de sucesso desportivo. Por isso, para mim é essencial que o sucesso desportivo ande de mão dada com o sucesso financeira, só assim no médio/longo prazo os clubes são sustentáveis."
Controlo financeiro: "Controlo financeiro é essencial. A grande diferença do que temos visto agora é que a UEFA tem tido uma regulação muito reativa. Vamos ter três novas regras. O Sporting não tem capitais próprios positivos, o Benfica tem até 109 positivos, mas o FC Porto, se não estou erro, tem 170 milhões de capital próprio negativo. Isto significa que hoje os clubes não estão preparados para responder a estas medidas que estão a ser pedidas. Dado o seu histórico ainda não têm capacidade, têm de trabalhar nesse sentido."
Andar atrás dos clubes: "Temos mecanismos de solidariedade. Hoje estamos em situações em que para cumprir até com o fair-play andamos atrás dos clubes que têm de receber o mecanismo. Alguns nem sabem da transferência, muitas vezes nem nós sabemos quem são os clubes. Se falarmos de um jogador africano, muitas vezes é difícil de saber, até via passaporte desportivo do jogador, chegar aos clubes todos e fazer os pagamentos todos. Temos situações caricatas em que estamos nós a querer pagar a um clube e não sabermos quem é, não termos uma conta bancária. A cleaning house, a casa das transferências, resolve isso claramente.
Investidores: "Em relação aos investidores, mais do que regulação a nível UEFA terá de ser uma regulação a nível de mercado interno, a nível de CMVM. Temos de dar alguma liberdade aos investidores para entrarem. Quem recebe investidores e todos nós temos essa obrigação, para fazermos a nossa análise dos mesmos."
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