Operação Pretoriano: Fernando Madureira foi ouvido no TIC e volta à prisão em Santo Tirso
Líder dos Super Dragões foi interrogado esta segunda-feira
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Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, foi interrogado no Tribunal de Instrução Criminal do Porto e regressou esta noite à cela na esquadra da PSP, em Santo Tirso.
O líder da claque Super Dragões, Fernando Madureira, foi ouvido durante cerca de quatro horas e meia no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto pelo juiz Pedro Miguel Vieira.
O principal detido da Operação Pretoriano começou a ser ouvido cerca das 18h00, no mesmo dia em que Fernando Saul, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto foi novamente interrogado, acabando a inquirição a Fernando Madureira a terminar cerca das 22h30.
Cerca das 22h40, uma funcionária do tribunal informou os jornalistas que o juiz de instrução criminal solicitou novamente a comparência dos advogados dos 12 arguidos no TIC para decidirem o que irá ser feito a seguir.
Durante a inquirição, o líder da claque esteve acompanhado dos advogados Gonçalo Namora e Miguel Marques Oliveira.
Inicialmente, Madureira não tinha a intenção de ser ouvido pelo juiz de instrução criminal, mas mudou de estratégia e mostra-se agora disponível para falar, numa audição que até estava prevista para ser realizada durante a tarde de sexta-feira, mas passou para esta segunda-feira.
Em silêncio ficam Sandra Madureira, mulher de Fernando Madureira e vice-presidente da claque Super Dragões, e Vítor Catão, adepto do FC Porto e ex-presidente do São Pedro da Cova, que não quer prestar declarações no TIC, ao contrário do que estava planeado.
Recorde-se que esta manhã, a advogada de Fernando Saul, funcionário do FC Porto e um dos atuais nove detidos na Operação Pretoriano, descartou que a situação do seu cliente esteja comprometida face à presença de novos elementos de prova no processo.
“Se as provas poderão dificultar a situação? Entendo que não. O Fernando Saul teve de voltar cá, porque entendemos que devia de voltar. Motivos? Ele teve apenas de vir fazer um esclarecimento, mas não vou falar sobre o processo”, enquadrou Cristiana Carvalho, em declarações aos jornalistas à saída do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.
A advogada falava no final do complementar interrogatório de Fernando Saul, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto, que tinha chegado ao local por volta das 9h30, sendo transportado numa carrinha celular da PSP a partir da esquadra da Bela Vista, no Porto.
O funcionário do clube já tinha prestado declarações ao juiz de instrução na sexta-feira à noite e voltaria ao tribunal durante a tarde de sábado, quando foram juntas aos autos do processo as transcrições dos telemóveis de alguns dos detidos da Operação Pretoriano.
Na altura, o juiz Pedro Miguel Vieira chamou os advogados de todos os 12 arguidos ao TIC, após analisar o relatório da informação presente em quatro telemóveis apreendidos nas buscas, remetendo os elementos de prova para o procurador do Ministério Público.
As diligências de sábado terminaram com as saídas em liberdade de Tiago Aguiar, outro dos funcionários do FC Porto envolvidos neste processo, António Moreira de Sá e Carlos Nunes, mais conhecido por Jamaica, levando o número de detidos a baixar para nove.
O Ministério Público irá promover as medidas de coação no final dos interrogatórios e os advogados apresentarão as suas posições, antes de o juiz aplicar essas medidas aos 12 arguidos da Operação Pretoriano, envolvendo também os três que saíram em liberdade.
“Presumo que hoje não [vão ser comunicadas as medidas de coação], mas acho que já iremos ter as promoções”, reconheceu Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saul.
Na quarta-feira, a PSP deteve 12 pessoas - incluindo dois funcionários dos dragões e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira -, no âmbito da Operação Pretoriano, que investiga os incidentes verificados numa Assembleia Geral (AG) extraordinária do clube.
De acordo com documentos judiciais, aos quais a agência Lusa teve acesso, o Ministério Público sustenta que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo” na AG do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, na qual houve incidentes, para que fosse aprovada a revisão estatutária, “do interesse da atual direção” ‘azul e branca’.
A Procuradoria-Geral Distrital do Porto divulgou que estão em causa “crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação”.