Mesa da Assembleia Geral demite-se em bloco, mas não está só.
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O momento delicado do Sporting está a originar uma onda de demissões. De acordo com a informação avançada pela SIC, a mesa da Assembleia Geral do clube leonino demitiu-se em bloco e o Conselho Fiscal também vai seguir o mesmo caminho, o mesmo sucedendo com alguns elementos da direção.
A Mesa da Assembleia-Geral do Sporting demitiu-se hoje em bloco, confirmou à Lusa o presidente, Jaime Marta Soares.
"Atendendo às recentes movimentações que surgem a todo o momento e a qualquer momento, posso anunciar que a Mesa da Assembleia-Geral se demite em bloco, e também já recebi comunicação do presidente do Conselho Fiscal, de que se iriam demitir, senão todos, alguns que me iriam enviar os pedidos de demissão", afirmou Marta Soares.
O presidente da Asssembleia-Geral justificou a demissão deste órgão com as "previsíveis consequências que possam advir desta instabilidade que está a marcar profundamente a instituição Sporting Clube de Portugal".
Estas demissões surgem depois de o Ministério Público ter avançado com buscas em Alvalade e domiciliárias, relacionadas com suspeitas de atos de corrupção e que levaram à detenção de quatro pessoas, entre as quais André Geraldes, diretor para o futebol do Sporting.
Um membro suplente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting, Diogo Orvalho, apresentou a renúncia ao cargo, para o qual foi eleito na lista de Bruno de Carvalho, alegando falta de condições, disse fonte do clube à agência Lusa. Tratou-se da primeira demissão na estrutura leonina eleita em março de 2017, na sequência da crise que afeta o clube após agressões de alegados adeptos à equipa de futebol e detenções no clube por suspeita de corrupção desportiva.
Em carta dirigida a Jaime Marta Soares (Assembleia-Geral), Bruno de Carvalho (Direção) e Nuno Silvério Marques (Conselho Fiscal), o dirigente alega, segundo a mesma fonte do clube, não existirem condições para a sua continuidade.
Diogo Orvalho já teria tentado junto dos seus pares da AG a queda do órgão há mais de um mês, mas terá agora avançado a título individual, num momento em que, segundo a mesma fonte, entende existir uma falta de decisão e rumo.
O dirigente demissionário entende ainda que não estão reunidas condições para clarificar o futuro do clube, sobretudo após a direção ter pedido na quarta-feira uma AG para "auscultar os sócios", ao invés de apresentar a demissão, referiu a fonte.
Para Diogo Orvalho, a própria AG, que também convocou uma reunião com a Direção e Conselho Fiscal na segunda-feira, veria assim esvaziado o propósito "do que se pretenderia e impunha", que seria a demissão coletiva dos órgãos sociais, acrescentou a fonte.
Na terça-feira, cerca de meia centena de elementos, de cara tapada, alegadamente adeptos leoninos, invadiram a Academia de Alcochete e agrediram vários jogadores, entre os quais Bas Dost, Acuña, Rui Patrício, William Carvalho, Battaglia e Misic, e membros da equipa técnica.
A GNR deteve 23 dos atacantes e as reações de condenação do ataque foram generalizadas e abrangeram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa.
Face às críticas, Bruno de Carvalho negou qualquer responsabilidade pelo ataque na academia, rejeitou demitir-se da presidência do Sporting e anunciou que vai processar Ferro Rodrigues, bem como comentadores e jornalistas por o terem "difamado e caluniado" após os atos de violência em Alcochete.