"Omitiram o jantar" do plantel e quando a DGS soube mandou adiar o Feirense-Chaves
Confira as versões do delegado de saúde local e da diretora executiva da Liga, Sónia Carneiro.
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A omissão, por parte do Chaves, de um jantar que juntou o plantel, na noite de quarta-feira, foi o que esteve na origem da mudança nas instruções do delegado de saúde local, reiterou, este sábado, o médico responsável pelo adiamento do Feirense-Chaves, na véspera, quando as equipas já estavam no relvado para o jogo da primeira jornada da II Liga.
Sónia Carneiro, diretora executiva da Liga, entidade que, esta manhã, reuniu de emergência com os médicos de todos os clubes das provas profissionais, afirmou na RTP que, embora esse jantar tenha sido "referido", não consta da informação "formal" da Autoridade Regional de Saúde (ARS) neste processo. Contactado por O JOGO, o delegado de Saúde de Chaves, Gustavo Martins-Coelho, historiou os passos que já tinham sido noticiados. Os responsáveis da SAD do Chaves "omitiram o jantar", e foi essa nova informação que conduziu à mudança nas orientações da ARS e da Direção-Geral da Saúde.
Em declarações à RTP, depois da reunião com os médicos dos clubes, Sónia Carneiro abordou a demora na decisão de adiar o jogo, inicialmente autorizado pela ARS, depois de os testes terem revelado quatro casos de covid-19 no Chaves, os jogadores Samu e Raphael Guezzo e os treinadores-adjuntos Pedro Machado e Tiago Castro. As equipas já estavam em campo, quando chegou a ordem da Direção-Geral da Saúde para adiar a partida.
"Tanto quanto conseguimos apurar, os jogadores que testaram positivo ficaram no isolamento, foram afastados. Não se fique com a ideia de que estavam no campo; não estavam. Esses já tinham ficado em isolamento", precisou a diretora-executiva da Liga: "Depois, houve uma instrução inicial, por parte do delegado de saúde de Chaves, que, ao longo do dia, tanto quanto conseguimos apurar, com base num inquérito epidemiológico, terá entendido que o resto da equipa deveria também ficar em isolamento."
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Questionada acerca da informação relativa a um jantar que juntou todo o plantel, na segunda-feira, dado que levou a ARS a recuar na autorização para a realização do jogo, Sónia Carneiro sublinhou que essa interpretação "põe em causa o protocolo e a instrução da própria DGS", na medida em que não se admite que os jogadores possam estar juntos. Confirmou, que "foi referido que terá existido um jantar convívio", com uma ressalva: "No entanto, naquilo que é formal, que nos chegou por via escrita, da ARS de Chaves, não há nenhuma informação relativamente a isso. Há a informação de que foi feito um inquérito epidemiológico e que, entretanto, entenderam mudar de ideias, ao longo do dia. De manhã, deram instruções claras para que os jogadores ficassem isolados. Nós supúnhamos que ia ser cumprido o protocolo e depois, já depois da hora marcada para o início do jogo, chegou a informação de que todos os jogadores do Chaves teriam de ficar em isolamento profilático".
Gustavo Martins-Coelho explicou a O JOGO em que consistiu esse inquérito epidemiológico e o que esteve na origem da decisão de adiar o Feirense-Chaves. "A autoridade sanitária, desde que tenha conhecimento de um caso de doença infecto-contagiosa, é obrigada a contactar o doente para saber do seu histórico: com quem esteve, o que fez, os seus últimos contactos. O Guzzo fez-nos esse relato e, em face das informações dele, tomámos as providências que a lei impõe, contactando as pessoas por ele indicadas e demos autorização para que a equipa seguisse para jogo. Porém, sexta-feira, às 18 horas, tivemos conhecimento de que a equipa tinha estado reunida num jantar, segunda-feira à noite. Omitiram a informação da realização desse jantar. Tomámos as medidas necessárias para impedir que o jogo se realizasse e disso demos conhecimento a quem de direito, nomeadamente, ao Chaves", afirmou.
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