Espanhol arrisca mais do que o duo de concorrentes na luta pela titularidade e sobressai pela procura constante dos homens mais adiantados
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Formatado por Sérgio Conceição para encaixar num modelo no qual havia revelado algumas dificuldades no passado, Óliver Torres demonstrou com o Benfica que esta adaptação à realidade portista não o impede de continuar a jogar de olhos virados para o ataque, ainda que continue sem marcar. É essa característica, aliás, que faz dele um médio distinto de Danilo ou Herrera, os principais concorrentes na luta pela titularidade esta temporada. Nem o internacional português nem o mexicano alimentam tanto os atacantes como o espanhol de 24 anos, que no clássico com o Benfica assumiu sem receio o risco de fazer chegar a bola ao último terço do terreno. Foi, de resto, o portista com mais passes efetuados na direção da baliza do adversário (18) e para aquela zona específica do campo (8), dando força a quem alega que dá coisas diferentes à equipa.
Dos habituais 61 passes que faz por jogo esta época, um terço é para a frente e 13 são para a zona de remate
O comparativo efetuado por O JOGO, com recurso às estatísticas fornecidas pelo portal Wyscout, é revelador do impacto de Óliver no processo ofensivo do FC Porto. As maiores preocupações com o equilíbrio tático permitiram-lhe melhorar a média de recuperações, bem como aumentar o total de ações por jogo para números superiores aos de Danilo ou Herrera, mas é no capítulo da construção que mais sobressai. Dos habituais 61 passes que faz por encontro, um terço é para a frente, sendo que 13 são para zonas próximas da finalização. As jogadas das quais resultaram o primeiro e o terceiro golo dos dragões, de resto, são um bom exemplo disso. No primeiro roubou a bola a Gabriel e deu na área a Marega, no terceiro recuperou o esférico num duelo 1x1, antes de Soares isolar Fernando.
A ideia de Óliver acarreta alguns riscos e pode provocar alguns dissabores, como se percebe pelo número de perdas de bolas, superior ao de Herrera e bem acima do de Danilo. O lance do golo anulado a Pizzi - tentou um "balão" para a frente - é um bom exemplo. Mas se o desfecho não for comprometedor, poucos lhe apontarão o dedo por querer empurrar a equipa para o ataque.