"Objetivo foi falhado durante 20 anos e os adeptos sempre apoiaram e acreditaram"
Sebástian Coates deu uma entrevista ao Jornal Sporting para se despedir dos adeptos. Ao fim de oito anos e meio, o defesa-central vai voltar ao Uruguai para jogar no Nacional. No sábado, no jogo com o Athletic Bilbau, Coates despede-se de Alvalade
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O balneário do Sporting: "É difícil. No mundo do futebol é difícil ter um balneário em que cada um deixa a sua personalidade, o seu ego e os seus objetivos pessoais de lado em benefício do grupo. Jogando ou não, todos dão o seu melhor e demonstram companheirismo. Desde que cheguei ao clube, e claro que houve grupos melhores do que outros, sempre senti que havia alguma coisa especial aqui. O clube, de certa forma, tenta que o grupo seja sempre unido e que se crie um ambiente especial. Claro que podem acontecer coisas, mas nunca houve nada que não se tenha resolvido no balneário."
Liderança elogiada: "É difícil, para mim, falar sobre isso porque é a minha forma de ser. Nunca tentei impor nada a ninguém. Obviamente, há momentos em que eu posso falar mais do que outros, mas nunca achei que a minha palavra valia mais do que a dos outros. Sempre ouvi opiniões e, ao longo destes anos, tive muita ajuda do Antonio [Adán], do [Luís] Neto, do Paulinho, do [Ricardo] Esgaio. E também dos mais jovens, como o Pedro Gonçalves, o Nuno [Santos], o [Eduardo] Quaresma, o [Gonçalo] Inácio ou o Dani [Bragança]. Não sei o que é, mas há algo que se cria aqui que ajuda muito aos que chegam."
Capitão do Sporting: "Foi um orgulho enorme. Não sou português, sou um estrangeiro que chegou a um clube gigante em Portugal. Foi também um sinal de que a equipa confiou em mim e é uma responsabilidade linda. Gosto desse tipo de responsabilidade, de ajudar algum companheiro quando precisa. Foi sempre um orgulho ajudar os meus companheiros, usando ou não a braçadeira."
Sair do Sporting foi uma decisão bastante ponderada? "Sim, sem dúvida. Por muita coisa. Já falei dos meus filhos e do que eles vivem dia-a-dia cá. Ainda não viveram tempo suficiente no Uruguai, como viveram aqui. Tenho família e amigos lá. De certa forma, é fechar um ciclo. O dia em que tomei a decisão foi um dos mais difíceis da minha vida, sem dúvida. Tenho muitas coisas aqui, passei muitos anos no clube, conheço-o. No entanto, quando tomo uma decisão, seja a correta ou não, faço o que acredito que seja melhor para a minha vida e para a minha carreira. Por muito que me custe, acho que é a decisão correcta."
Quem deu mais a quem? "Sem dúvida que foi o Sporting ao Coates. Quando cheguei, não tinha atingido o que queria na minha carreira e este foi o clube perfeito para mim por todas as razões. Conheci gente perfeita, muitas pessoas que trabalham connosco na Academia e aqui no estádio. Assim como os adeptos e não só os sportinguistas. Todos os portugueses foram sempre respeitosos comigo e trataram-me da melhor maneira. Isso, para mim, tem um significado muito grande."
Mensagem aos Sportinguistas: "Não há muito para dizer para além de obrigado. Obrigado a todos. Quando as coisas não me correram bem sempre recebi o apoio deles. Digo sempre aos meus amigos do Uruguai que nunca tinha estado num clube onde o objetivo maior foi falhado durante quase 20 anos e os adeptos sempre nos apoiaram e acreditaram nas equipas. Não há muitos lugares onde se veja isso."
Quase a dizer adeus ao balneário de Alvalade: "É difícil por tudo o que vivi aqui, no clube e neste balneário.
Conquistas, não-conquistas, diferentes colegas de equipa e treinadores. É muito difícil e vai-me custar muito. Vai ser difícil para mim e para a minha família, mas tudo tem, infelizmente, um fim. Para mim, tive o melhor final ao ser campeão."