O Braga também cresceu esta época no plano económico, através de uma valorização sem precedentes dos jogadores. Dyego Sousa, por exemplo, vale mais 300 por cento do que no último verão...
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A intromissão do Braga na luta pelo título transformou o atual plantel no mais valioso da história da SAD, ao ponto de quase todos os jogadores estarem a ser potenciados pela excelente época protagonizada pela equipa de Abel Ferreira, ainda que com o inevitável Dyego Sousa como protagonista.
Na última atualização realizada pelo site alemão Transfermarkt, especialista na avaliação do valor de mercado de jogadores de todo o mundo, o plantel do Braga sofreu uma valorização de 42,1 por cento relativamente ao início da temporada, valendo agora 91,2 milhões de euros (os mesmos jogadores representavam 64,1 milhões de euros em junho).
Este número ajuda a explicar o crescimento sustentado dos minhotos ao longo dos últimos anos, sobretudo no que diz respeito ao estatuto que a SAD tem vindo a garantir no mercado de transferências. Hoje em dia, é praticamente unânime a ideia de que o Braga "vende caro" - expressão muitas vezes utilizada por empresários de jogadores e dirigentes de outros clubes -, e a prova está na forma como a SAD conseguiu segurar Dyego Sousa na última janela de transferências ou até no valor garantido com a venda de Loum ao FC Porto (7,5 milhões de euros), um jogador que nem sequer se chegou a estrear pela equipa principal.
Neste caso, e retirando da equação os jovens Trincão e Xadas, Dyego Sousa foi o jogador mais valorizado pelas exibições protagonizadas durante a primeira metade da temporada (cotação do avançado subiu seis milhões de euros, numa valorização de 300 por cento), sendo seguido de Ricardo Horta (continua a ter o valor de mercado mais alto do plantel), e ainda de Tiago Sá, Sequeira e Fransérgio, três jogadores que ganharam o seu espaço na equipa e têm sido muitas vezes decisivos para os bons resultados da equipa.
Contratos a terminar valem desvalorizações
As cotações apresentadas pelo Transfermarkt têm sempre em conta múltiplos fatores (idade do jogador, tempo de contrato, utilização, equipa em que joga, campeonato em que está inserido, rumores de clubes interessados, internacionalizações...), ainda que sejam apenas valores de referência. Dyego Sousa, por exemplo, foi avaliado pelo site alemão em oito milhões de euros, ainda que a SAD até já tenha recusado, ao longo dos últimos meses, propostas de valores superiores.
No atual plantel de 27 jogadores, 14 valorizaram este época, oito mantiveram o valor e apenas cinco desvalorizaram. As maiores quedas (750 mil euros) aconteceram com Ricardo Ferreira, em virtude da grave lesão que sofreu, mas também do facto de estar em final de contrato, e ainda com Marafona, que apesar de ter estado em bom plano nos jogos que realizou para a Taça de Portugal e da Taça da Liga encontra-se igualmente a quatro meses de terminar a sua ligação com a SAD.
Ainda longe dos grandes
O FC Porto tem onze jogadores mais valiosos do que o mais caro do Braga (Ricardo Horta), enquanto o Benfica tem 10. Grandes também marcam diferenças no mercado...
Apesar de ter o plantel mais valioso da sua história, pelo menos em termos contabilísticos, o Braga continua longe dos três grandes, sobretudo do FC Porto e do Benfica. Em termos individuais, Ricardo Horta é o ativo com maior valor de mercado nos arsenalistas (10 milhões de euros), bem distante, no entanto, dos jogadores mais valorizados nos principais rivais na luta pelos primeiros lugares do campeonato, como são os casos de Éder Militão (35 milhões de euros), Rúben Dias e Grimaldo (ambos avaliados em 28 milhões de euros) e Bruno Fernandes (30 milhões de euros). Para melhor se perceber as diferenças, refira-se, por exemplo, que o FC Porto tem no seu plantel 11 jogadores com um valor de mercado superior a Ricardo Horta, enquanto o Benfica tem 10 e o Sporting três. Se a diferença do Braga para os três grandes é considerável, o mesmo também se aplica a quem se segue na lista, o V. Guimarães, que tem o plantel avaliado em 35,7 milhões de euros, com André André (5 milhões de euros) e Pedrão (4 milhões) em destaque.
Xadas e Trincão valorizam sem jogar
Os dois extremos destacaram-se, sobretudo, nas seleções mais jovens de Portugal
Curiosamente, dois dos jogadores que mais valorizaram nem sequer são titulares. Trincão viu o seu valor disparar 6,5 milhões de euros desde o início da época - a mais alta valorização do plantel -, isto apesar de ter participado apenas em dois jogos da equipa principal, e ambos na condição de suplente utilizado (V. Setúbal e Marítimo). Neste caso, a inflação deveu-se, sobretudo, ao facto de ter sido um dos principais destaques da seleção de sub-19 que venceu o último Europeu da categoria, mas também à idade (19 anos) e às constantes notícias sobre o alegado interesse de grandes clubes italianos na sua contratação, nomeadamente da Juventus. No caso de Xadas, que também tem sido pouco utilizado por Abel Ferreira (cinco jogos, apenas um como titular), a valorização de 3,5 milhões de euros aconteceu porque no último verão, em cima do fecho de mercado, esteve perto de assinar pelo Mónaco a troco de 15 milhões de euros, num negócio que abortou depois de o extremo ter reprovado nos exames médicos. Nestes dois casos, o valor de mercado dos jogadores tem por base, essencialmente, o potencial de ambos, mais até do que o rendimento apresentado ao mais alto nível.