"O Sporting ganhou na pandemia porque foi melhor e agora foi incontestavelmente melhor"
Declarações de Neto numa entrevista à Sporting TV
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Chegada de Amorim: “Acho que posso dizer que quando o míster chegou, existia uma 'ilusão' muito grande do que estava a ser a época... pensava-se o que é que o míster podia trazer de diferente para nós, que já não tivesse sido testado ou que já não tivesse sido tentado para que as coisas corressem bem. E depois o míster realmente trouxe muita exigência, muita exigência própria dele e também aquilo dele dizer 'e se corre bem?' que é um bocadinho o passar a mensagem de 'E se ganhamos no Sporting? E se nós fazemos diferente?'."
Mudanças com Amorim: "Ou seja, eu acho que em muitos momentos o míster espelhou o que qualquer sportingista queria dizer naquela posição. E se toda a gente respeitar o Sporting ao ponto de nós irmos ganhar a qualquer campo? Nós vamos jogar da nossa maneira, nós vamos jogar, nós vamos incomodar, nós vamos ser uma equipa muito chata, nós vamos ser uma equipa incómoda, vamos ser uma equipa de verdadeiros leões em campo, esfomeados a querer algo, que será depois personificado nas taças e acho que realmente foi um virar de página. O míster tem muito do que é a sua mentalidade, é hoje a mentalidade que se respira na Academia e é muito este ar ganhador, este ar sem ser prepotente, mas este ar de respeito que eu acho que hoje existe pelo Sporting, pela grandeza que o clube sempre teve."
Primeiro ano e foi logo uma referência no balneário: "Na minha primeira pré-época já tinha estado, por exemplo, com o Nuno Mendes, já tinha estado com o Daniel Bragança, com o Quaresma, já tinha um bocadinho desse relacionamento de estágio. Podemos escolher um grupo, mas depois nós só sabemos se o grupo funciona quando estamos todos juntos e depois percebemos ao longo do ano como é que cada um interage com cada um, como é que cada um reage quando joga, quando não joga, o que é que cada um dá para um objetivo comum. Eu acho que se nós fôssemos a escolher um puzzle, no ano de 2020/2021, foi quase tipo uma 'masterpiece' grupal, foi algo mesmo especial, criado pela nossa estrutura e depois passada para tudo o que era jogador e criou-se ali uma corrente, algo até quase comum a todos. Fomos acreditando, não foi só a partir do meio, mas já muito de início."
Ainda o título de 2021: "Nas nossas primeiras vitórias fomos sentindo que existia algo de especial, depois tínhamos tipo aquele backup de miúdos da formação, também cheios de fome, a darem muita qualidade ao treino, a darem leveza àquilo que é o lutar para ser campeão, porque é muito exigente emocionalmente, fisicamente, lutar para ser campeão, o dia a dia, de 3 em 3 dias, mesmo até depois do choque que foi o não termos entrado na Liga Europa e depois logo duas vitórias seguidas fora, com a Covid, o início com muito ruído, mas foi uma caminhada incrível, mesmo as nossas relações, nós hoje em dia falamos uns com os outros, eu falo com o Palhinha, com o Tabata, com o Jovane, ou seja, foi algo muito especial."
Receita para voltar aos títulos: “Nós gostávamos de estar todos juntos, e depois, mesmo às vezes quando bate o cansaço da época, principalmente o mental, quem joga mais, quem joga menos, cada um tomava conta um do outro, e cada um queria sempre o melhor. Acho que a parte mais difícil num grupo de futebol é o ano todo, quem joga, quem não joga, naturalmente quem joga terá sempre um percurso mais fácil, porque as emoções são diferentes, mas conseguirmos que quem não joga nunca saia do caminho, que ajude quem joga, que nunca se sinta menos do que quem joga, do que quem realmente até vai para dentro do campo, e eu acho que foi conseguido nesse grupo em 2020/21. O Antunes, o papel que teve, o João Pereira...encontrávamos todos no treino, que era o treino da malta que jogava menos no dia de competição, tínhamos ganho, às vezes treinávamos à tarde, fazíamos até jogo de treino, tivemos um jogo de treino que até veio o Dário, na altura, o Dário Essugo com 15 a 16 anos, e aquilo era uma simbiose, ou seja, ninguém pensou: 'Ai, não dá mais', ou 'faltam cinco jornadas, isto está quase feito, e agora já não precisam de mim'... Percebemos até pelo que foram os festejos que nós vimos, as lágrimas que existiram no jogo com o Boavista em casa, em que estava aquela multidão toda cá fora, num contexto difícil até, muito particular, por causa da pandemia, em que estávamos todos assim, um bocadinho à flor da pele...lembro-me de nós, todas as chegadas que tínhamos ao estádio como quando chegámos de Braga, às quatro da manhã, e a quantidade de pirotecnia que existia...nós não tínhamos proximidade com ninguém, e de repente víamos aquelas pessoas... Nasceram novamente novos clichês até sobre esse campeonato, e que novamente caem com este campeonato, Sporting também consegue ganhar fora de pandemia, porque foi melhor, não foi pela pandemia, foi porque foi melhor, e ganhar também sem pandemia, porque foi incontestavelmente também melhor."