Na Luz há uma taça com o emblema do FC Porto e na Invicta está o troféu Cosme Damião. O JOGO esteve à conversa com Mafalda Magalhães, diretora do museu dos dragões, e Luís Lapão, curador do museu que conta a história do Benfica.
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Entre as taças e outros objetos relacionados à história dos clubes, em diversas modalidades, há alguns que se destacam e deixam espantados os visitantes. "Há um troféu que chama a atenção que foi ganho na inauguração do estádio das Antas em 1952. O Benfica venceu por 8-2 e o troféu, em granito, pesadíssimo, tem um emblema relativamente grande do FC Porto. Foram precisos quatro ou cinco jogadores para segurar no troféu e é estranho chegar ao museu do Benfica e ver um troféu imponente com o símbolo do FC Porto", evidencia Luís Lapão, sem esquecer que dois anos depois, houve troco dos azuis e brancos na inauguração da Luz. "Levaram o troféu Cosme Damião que ficaria muito bem no nosso museu", constata o curador.
No museu dos azuis e brancos, Mafalda Magalhães destaca os sete troféus internacionais, expostos na praça central e as cinco taças relativas ao pentacampeonato entre 1995 e 1999, mas não só. A Taça Arsenal é emblemática por diversos motivos. "Esta relíquia de 250 quilos, 130 dos quais de prata maciça, foi concebida na Ourivesaria Aliança, no Porto. Tem quase três metros de altura e é um dos maiores troféus do mundo. Foi oferecida pelos adeptos que reuniram os 200 contos necessários (pouco menos de 1000 euros) para os escultores Marinho Brito e Albano França conceberem esta obra-prima", diz, sobre a taça ganha à equipa inglesa, considerada a melhor do mundo em 1948. Na Luz, além dos dois troféus Ramón Carranza, que poderiam estar num "museu de arte", segundo Luís Lapão, é possível ver os troféus por votos, angariados por votação dos adeptos via jornais e a Taça Simpatia, em estilo manuelino.
Um desejo e "desafio" ao presidente do FC Porto
Através de O JOGO, Mafalda Magalhães menciona um objeto que distinguiu Pinto da Costa e que a diretora do museu do FC Porto gostaria de ver no espaço. "É o Prémio Carreira que lhe foi atribuído e entregue nos Global Soccer Awards por Fabio Capello por ser o presidente mais titulado mundo. Gostaria muito que o senhor presidente o trouxesse para o museu, por ser um objeto único e realçar uma proeza que que dificilmente será conseguida por mais alguém", explica Mafalda.
Soltas
Mafalfa Magalhães
"Trabalhar no Museu do meu clube do Coração é um misto da prazer no desempenho da função, nas duas áreas que mais me aliciam trabalhar - cultura e turismo -, e em simultâneo o sentimento de grande emoção no meu dia a dia pelas árduas conquistas desportivas e de crescimento e notoriedade desta instituição. O objetivo de colocar o Museu Futebol Clube do Porto e o Estádio do Dragão entre os espaços mais visitados da região Norte de Portugal e, em simultâneo, tornar-se referência internacional é, sem dúvida, um desafio muito grande e que exige, ao seu nível, a mesma garra e perseverança que tem caracterizado o nosso presidente e o nosso clube na constante conquista de títulos a nível nacional e internacional. No sexto ano de atividade tivemos mais de 186 mil visitas, 40% das quais de estrangeiros".
"Um dos factos mais relevantes deste museu é que resultou de um objetivo de muitos anos do presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, e foi implementado em 2013. Em 2015, recebemos o Prémio Criatividade e Inovação da Associação Portuguesa de Museologia. Depois, em 2016, fomos um dos museus que integraram a restrita lista de nomeados para o EMYA - Prémio Museu Europeu do Ano. E, em 2017, o Museu FC Porto fez história ao ser o primeiro museu Membro Afiliado da Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas. Todo este reconhecimento revela que estamos perante um museu moderno e para todos. É inclusivo, tecnologicamente muito avançado e, também nesse ponto de vista, extremamente interativo".
Luís Lapão
"Este museu veio romper com o estereótipo do tipo de museu tradicional. Acabou por ser uma lufada de ar fresco no que se faz em termos museológicos no país. Mesmo a nível internacional, o museu do Benfica conseguiu assumir-se como exemplar e modelo a seguir por muitos museus lá fora. E no território nacional, muitos museus não de desporto reconheceram o trabalho feito em termos de museologia. O museu teve capacidade de olhar ao presente e futuro e dar não só aos adeptos, como ao público em geral, a oportunidade de visitar o museu até mesmo não gostando de futebol. O museu mostra a universalidade de clube e consegue abordagem temática que não se centra apenas no umbigo do clube, vai muito para fora disso. Não é apenas a quantidade e pompa da quantidade e foi esta postura que trouxe alguns prémios ao Benfica".
"Neste momento, há três anos, tenho estado mais ligado à parte editorial e lancei no ano passado o livro do Chalana. Estou num outro projeto editorial, a minha atividade como curador está mais em stand-by".
"No museu, o que me deu mais gozo foi quando os protagonistas da história do clube entraram - fiz visitas guiadas a antigos jogadores - e o maior prazer foi ver a alegria deles perante a história contada deles próprios. Foi o mais gratificante de tudo. Ter contribuído para recuperar a memória de todos os que fizeram a historia do Benfica".
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