"O roupeiro veio ter comigo ao campo e disse que a polícia estava a penhorar tudo"
Nuno Manta, atual treinador do Torreense, olha para as pessoas do Aves "com orgulho", mas viveu coisas "que nunca esperava".
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Os últimos meses da época 2019/20 foram pródigos em episódios que redundaram na insolvência da SAD do Aves e na refundação do clube na última distrital do Porto. Nuno Manta viveu esse período que teve "momentos de pesadelo." Autocarros arrestados, jogadores impedidos de treinar, dívidas a atletas e funcionários, uma Liga que chegou a poder ser concluída na secretaria, houve de tudo, e o treinador não esquece o que passou, com sentimentos distintos.
"Olho para as pessoas do Aves com orgulho e saudade. Deixo um abraço e desejos da melhor sorte do mundo ao presidente António Freitas e aos adeptos que ficaram no meu coração", sublinha. "Estrela Costa e Wei Zhao? Nunca mais falei com eles, nem sei deles", respondeu, aludindo ao então presidente da SAD e à diretora executiva.
Sobraram várias histórias para contar. "Uma das que mais marcaram foi quando estávamos a treinar e o roupeiro, o senhor Luís, vem ter comigo ao campo e diz que a polícia estava a penhorar e a levar tudo. Interrompi o treino e disse aos jogadores para calmamente irem buscar os pertences que pudessem ter no estádio. Na parte final, tocou-me a união e a família que se criou para darmos uma imagem limpa da I Liga", frisa.
"A certa altura, eu ia de Santa Maria da Feira para as Aves com os meus adjuntos e já perguntávamos qual ia ser a novidade do dia. Não sabíamos quantos jogadores teríamos para treinar, porque rescindiam atletas todos os dias. Era difícil fazer uma peladinha de 11 contra 11. Alguns vinham ter comigo a dizer que não aguentavam mais", revela. "Em 20 anos de profissão, nunca pensei encontrar o que encontrei ali. Vinha de trabalhos no Feirense e no Marítimo, clubes estáveis, e depois entra-se num clube que tinha ganho a Taça e vê-se aquilo... foram lições que aprendi", termina.
Conceição é uma "coincidência"
Nuno Manta ganhou fama de roubar pontos às equipas de Sérgio Conceição (fê-lo no Marítimo e no Aves, por exemplo), mas não olha para o registo com especial atenção. "Tem sido mera coincidência. A minha vontade de roubar pontos ao Sérgio era a mesma de tirar ao Rúben Amorim ou ao Carvalhal. Não tem a ver com Benfica, FC Porto e Sporting. É claro que o impacto nos media é muito maior, mas trata-se apenas de ter vontade de ganhar", resume o técnico. Sobre um regresso à Liga Bwin, joga à defesa. "O futuro é dia a dia. Quero mostrar a minha competência e paixão pelo jogo no Torreense", reforça.
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