Tiago Oliveira já tinha em mente pendurar as chuteiras aos 30 anos. Saída de André Veras lançou-o para o cargo de diretor desportivo.
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A decisão já estava na cabeça de Tiago Oliveira. O futuro é que não. Natural de Vale de Cambra - distrito de Aveiro - o lateral-direito, 30 anos, nunca quis jogar longe de casa, até ter aparecido o Bragança, em 2015/16. A experiência de duas temporadas correu tão bem que Tiago representou, depois, Vilaverdense e Montalegre.
Quanto este último o contactou, em 2017/18, o defesa pensava voltar a Vale de Cambra, mas acabou por ficar, até hoje. "Nunca quis ir para a faculdade, nem ficar longe de casa. O Bragança abriu-me muitas portas. O Montalegre surgiu na sequência de uma temporada menos positiva, e as pessoas tratam-te de forma diferente. Gosto de estar no meu canto, também comecei a namorar e não consegui dizer que não ao Montalegre", conta.
Apesar disso, estar nos relvados já não lhe dava a mesma alegria. Continuar na estrutura era "uma possibilidade", contudo, a saída do diretor desportivo, André Veras, mudou tudo. "O presidente sempre me abriu as portas e disse que ali era a minha casa. Não tinha disposição mental para continuar a jogar. Tenho um filho pequeno, foram anos bastante desgastantes, esta época tive covid-19 e foi difícil em termos físicos, sentia que tinha de fazer mais do que fazia antigamente para estar bem, e tudo isso pesou", justifica. "Havia a hipótese de ficar a trabalhar com o André. Ele saiu e recebi o convite de ser diretor desportivo. Foi fácil aceitar, porque vejo estas gentes como família", sublinha.
Em 2018/19, uma rotura de um ligamento cruzado anterior atirou Tiago para o estaleiro durante quase um ano e, mesmo assim, o Montalegre "nunca o abandonou." Agora, vai ajudar a desenhar uma equipa preparada para "atacar a subida" na Liga 3. "Esta época só conseguimos a permanência na última jornada. Na próxima, queremos que seja diferente. Vamos montar uma equipa preparada para lutar pela subida", prometeu.
Convencer jogadores a mudarem-se para o interior é difícil e uma "desvantagem", reconhece o agora dirigente. "Temos sempre esse handicap e a noção desse problema. Claro que é difícil, mas os atletas também têm de saber que o Montalegre é um clube cumpridor, que está a crescer, a melhorar infraestruturas e temos de nos valer da nossa seriedade", atira.
Football Manager ajudou à paixão pelo dirigismo
Enveredar por uma carreira de treinador nunca foi uma ideia que mexesse com a cabeça de Tiago Oliveira, porque, afinal, o dirigismo sempre o fascinou mais. "Gosto da parte do treino, mas ter de lidar com muita gente... não é fácil ser treinador e acabei por ir perdendo essa ambição", revela. Jogar Football Manager contribuiu para que o gosto fosse outro. "O dirigismo enche-me as medidas. Sou um apaixonado pelo Football Manager e adoro mexer com o mercado, a parte de contratar, construir um plantel à minha imagem. É algo que não pensei que surgisse tão cedo, mas apareceu de forma natural e encaro com a maior das motivações. Sei que posso ter algum futuro nestas funções", comenta o antigo lateral-direito dos transmontanos.
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