Participação no Mundialito em Vila Real de Stº. António foi crucial no percurso de Vitinha e Diogo Costa.
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Antes de o pelado do Complexo Habitacional de Ringer dar lugar ao sintético, a vida de guarda-redes não era fácil. As mazelas eram constantes e poucos queriam desempenhar esse papel. Nem mesmo Diogo Costa.
"Só queria marcar golos", lembra Adílio Pinheiro, que ouviu as queixas do avô do agora internacional português quando lhe propôs a mudança de posição. "A verdade é que no dia seguinte veio com luvas, calças almofadadas, joelheiras, cotoveleiras... Parecia um astronauta", brinca o fundador dos Pinheirinhos de Ringe. "Mas nos torneios de futsal continuava a marcar golos de uma baliza à outra. É por isso que joga tão bem com os pés", sustenta o septuagenário, descrevendo Diogo como uma criança mais calma e observadora do que o companheiro do FC Porto e da Seleção.
"O Vitinha foi sempre muito reguila, atento e sempre em cima do acontecimento", refere, antes de narrar um episódio que demonstra o espírito competitivo do médio. "Quando fomos a um mundialito de futebol infantil, o nosso autocarro avariou pelo caminho. Partiu o cano do acelerador. Como os mecânicos nunca mais chegavam, pedi ao motorista para abrir o capô e acabei por engatar aquilo. Enquanto os outros miúdos andavam a brincar, o Vitinha não saía da minha beira preocupado se íamos chegar a tempo aos jogos", conta.
Foi nesse torneio, realizado em Vila Real de Santo António, que os dois portistas começaram a destacar-se e a conquistar admiradores. "O Diogo fez um jogo incrível com o Everton", afiança Adílio Pinheiro. "Eles davam aos 15 e 20, mas nós jogámos com eles no último jogo e chegámos ao intervalo a ganhar por 1-0. Só sofreram golos connosco e o Diogo defendeu tudo e mais alguma coisa", afirma. Foi assim que captaram a atenção de vários caça-talentos, como Aurélio Pereira (Sporting) e Bruno Maruta (Benfica).
Azul prevaleceu sobre o vermelho
No percurso até ao topo no FC Porto, Diogo Costa e Vitinha tiveram uma curta passagem por uma das escolas do Benfica, situada em Prado. "Os Pinheirinhos tinham lá cinco jogadores num total de 17", indica Adílio Pinheiro.
"Fizeram esses anos no Benfica, mas sempre com o FC Porto a pressionar. Como o Benfica pagava tudo, eles ficaram lá algum tempo, mas acabaram por ir para o FC Porto, onde cheguei a ter seis miúdos", conta o também ex-jogador, que tem uma ligação curiosa com a família de Vitinha. "Fui treinado pelo avô nos juniores e depois companheiro dele nos seniores do Aves, onde também treinei o pai, o Vítor Manuel", explica.
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