"Trubin? O que será um jogo comparado com o que tem vivido com a guerra na Ucrânia?"
Apesar de ter só 22 anos, quem treinou Trubin diz que pressão não será um problema
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Setembro é um mês de estreias para Trubin, o guarda-redes fez o primeiro jogo pelo Benfica, o primeiro jogo na Liga dos Campeões pelos encarnados e vai agora estrear-se num clássico. Mas não é motivo de preocupação extra. Apesar dos 22 anos, o ucraniano tem já experiência acumulada dos tempos em que era titular no Shakhtar Donetsk e diz quem o "moldou" que os nervos não entram no vocabulário do novo titular das águias.
Guardião ucraniano era titular do Shakthar e manda na baliza da sua seleção. No Benfica, está a dar os primeiros passos, mas António Ferreira, seu ex-treinador, diz que são jogos importantes para se impor.
Foi no clube ucraniano que António Ferreira se cruzou com o agora guardião encarnado. O treinador de guarda-redes lidou diretamente com o jogador e a O JOGO recorda que estes desafios de nível mais elevado são importantes para ganhar confiança: "O Trubin tem uma personalidade forte e uma maturidade grande para a idade. É o primeiro clássico em Portugal, é o início de uma nova história para ele. Isso tem uma outra importância: jogar a Liga dos Campeões, jogar o primeiro clássico, quando for com o Sporting também será, é importante passar por isso. Poderá estar um pouco ansioso, mas depois com os primeiros minutos do jogo vai estar como está nos outros jogos. Vai ter é mais trabalho, provavelmente. É um jogo com maior tensão, é diferente por ser o primeiro, mas não o vejo a estar nervoso".
António Ferreira, agora no Lille, treinou Trubin no Shakhtar durante três temporadas
Pelo Shakhtar, Trubin jogou cinco clássicos contra o Dínamo de Kiev o que, na opinião do ex-treinador, garante-lhe experiência para lidar com os ditos "jogos grandes": "Nós jogávamos muito com o Dínamo porque, inicialmente, o campeonato era disputado em duas fases. Depois a Supertaça e na Taça também nos encontrámos sempre. Eram muitos jogos, ajudava a lidar com a pressão, se algum corresse mal. Tudo isto ajuda, assim como os campeonatos ganhos e todas essas conquistas. Mas aqui [em Portugal] ele tem de fazer a história dele, não começa do zero porque tem os jogos do Shakhtar e isso ajuda... ele já decidiu muitas situações de jogo, mas agora é um novo início", insiste. "Lembro-me do primeiro clássico dele foi na altura da pandemia. Um jogo estranho, porque alguém testou positivo e não sabíamos se ia haver jogo. A partida passou rápido, mas foi importante por ser o primeira e desbloquear mais um passo".
Pelo Shakhtar, Trubin jogou cinco clássicos com o Dínamo de Kiev. O primeiro aconteceu ainda no tempo da pandemia, sem adeptos no estádio
Sobre o duelo com o RB Salzburgo, na Luz, para a Champions, em que Trubin fez um penálti no primeiro minuto, António Ferreira considera que o jovem tem a mentalidade certa para não ficar preso aos erros: "Ele não perde a cabeça e começa a cometer erros atrás de erros. Não foi uma estreia fácil, foram 15 minutos difíceis para o Benfica e para ele. Não correram bem, mas o público depois ficou mais nervoso do que ele, porque o Trubin continuou a fazer o jogo dele, tranquilo. Faz parte, nem sempre vai tudo correr bem. Agora, tem de olhar para o jogo com o FC Porto como mais um desafio, é um bom jogo para provar a qualidade que tem".
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Para o treinador, o guardião ainda está a adaptar-se: "Ele sente-se bem no Benfica, mas precisa de mais tempo para se sentir em casa". A pressão e os nervos não serão um problemas já que, aos 22 anos, Trubin já passou por muito. "Se fosse português ia sentir mais por causa das rivalidades. Ele vem de um contexto, pessoal e desportivo, com situações difíceis. O que será um jogo de futebol comparado com aquilo que ele tem vivido com a guerra na Ucrânia nos últimos tempos? É mais um jogo, com alguma ansiedade inicial, mas no aquecimento passa", atirou.
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