A terceira tentativa de voltar ao segundo lugar falhou em Guimarães, mas os motivos não são unânimes.
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A derrota em Guimarães impediu o Braga de ultrapassar o FC Porto e recuperar o segundo lugar, posição que os bracarenses já ocuparam em duas ocasiões (da 4.ª à 7.ª jornadas e da 15.ª à 17.ª).
À falta de uma causa óbvia, os adeptos bracarenses consideram que os guerreiros encravaram outra vez por múltiplos fatores: mentais, arbitragens, mas também lacunas no plantel.
O "assalto" à vice-liderança tem sido um bloqueio recorrente para o Braga. Na oitava jornada chegou ao Dragão em segundo, foi goleado (4-1) e desceu. Na ronda seguinte, podia ter igualado o FC Porto e ficar em vantagem na diferença de golos marcados e sofridos, mas perdeu em casa, com o Chaves. Na 17.ª jornada, nova goleada (5-0), desta feita com o Sporting, impediu a subida ao segundo lugar, objetivo que voltou falhar agora, depois da derrota em Guimarães.
Será uma questão de mentalidade, coincidência ou relacionada com as arbitragens, como sugeriram Artur Jorge e Ricardo Horta no final do dérbi? O JOGO ouviu Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, Zé Nuno Azevedo, o quinto jogador com mais jogos (307) pelos arsenalistas, e António Duarte, antigo dirigente do clube. Os motivos apontados não são unânimes. Por entre queixas às arbitragens e à mentalidade da equipa para encarar alguns jogos, os bracarenses encontram justificações para as falhas em momentos decisivos.
"No passado, houve circunstâncias em que não pudemos ir mais além porque fomos claramente manietados, mas, agora, é injusto dizer que foi por causa disso que o Braga perdeu. O que não podemos dizer, de certeza absoluta, é que o Braga foi ajudado", declara Ricardo Rio, considerando ainda que, mentalmente, a equipa deve perceber que "nesses momentos decisivos, tem de existir um compromisso adicional."
O Braga tem falhado o "assalto" ao segundo lugar, onde já esteve durante sete jornadas
António Duarte também bateu na tecla da arbitragem portuguesa, porque considera que "não tem qualidade", deixando ainda claro que "os clubes têm de aprofundar a questão do VAR, uma ferramenta importante para o futebol moderno e mais justo, algo que não se verifica." Mas também considerou que em Guimarães, por exemplo, "faltou agressividade, competência e organização."
Zé Nuno Azevedo concorda que a atitude da equipa, em Guimarães, não permitiu o assalto ao segundo lugar. "O Braga não foi uma equipa afirmativa no momento inicial e isso galvanizou o Vitória, que estava altamente motivado para jogar com o terceiro classificado", justificou.
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"Ainda vai receber o FC Porto"
Apesar de ter perdido a oportunidade de ultrapassar o FC Porto, o Braga pode acabar o campeonato em segundo. É essa, pelo menos, a opinião dos bracarenses. "O primeiro lugar está muito distante, mas o Braga tem sido muito consistente, ainda vai receber o FC Porto, e tem todas as condições para disputar o segundo lugar", considera Ricardo Rio, opinião partilhada por António Duarte. "Dependemos apenas de nós", reforça o antigo dirigente bracarense.
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"Decisões polémicas"
Ricardo Rio, presidente da C.M. Braga
"Em Guimarães, houve algumas decisões polémicas [da arbitragem], mas a atitude da equipa também não foi a que já nos habituou. É uma questão que estará relacionada com a mentalidade da equipa, de perceber que nesses momentos decisivos tem de existir um compromisso adicional. Este ano, ainda não temos um capital de queixas alargado para podermos dizer que não ganhámos por culpa da ação de terceiros"
"Há uma questão mental"
Zé Nuno Azevedo, antigo jogador do Braga
"Há claramente uma questão mental e que está relacionada com a pressão, mas também por algumas decisões das arbitragens que são, no mínimo, estranhas, não só nos jogos do Braga como nos dos outros. A questão do "empurrar para trás" pode ser sentida dentro do campo e não significa apenas marcar ou não penáltis... Em Guimarães, o Braga não entrou muito bem no jogo. Não foi uma equipa afirmativa no momento inicial"
"Não fomos competentes"
António Duarte, antigo dirigente do Braga
"Muito se tem feito, mas é possível fazer mais e melhor. Para isso, tem de existir investimento. E tem de haver muito menos negócio e mais paixão. Neste caso, no dérbi, tínhamos tudo para conseguir o segundo lugar, mas não fomos competentes. Fiquei surpreendido com o Braga a jogar com dois pontas-de-lança [Abel Ruiz e Banza]. O V. Guimarães entrou muito mais dinâmico e agarrou-se ao jogo contra um Braga passivo. Faltou-nos mais agressividade"