O que faltou a Luisão, os sucessores e uma revelação: "Treinei, chorei e ia voltar ao Brasil"
Central brasileiro colocou um ponto final na carreira de jogador profissional, após 15 anos no Benfica.
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Reflexão: "Confesso que, por estes dias, refleti muito sobre a minha carreira. Seria hipócrita se dissesse que chegava este dia e esperava ver tudo assim. Muitas vezes, quando era pequeno, a minha família teve que me tirar de casa às 3 da manhã porque não conseguia respirar, com bronquite. Nunca poderia imaginar que ia estar aqui, no centro do relvado, num dos maiores e mais bonitos estádios do mundo. Seria hipócrita se dissesse que imaginava tudo isto".
Antecipação do final de carreira: "O que me fez antecipar a decisão foi que a minha história foi escrita em 520 e tal jogos. Com cinco anos eu tocava na bola com o meu pai. A minha história foi escrita desde a Juventus, desde o Cruzeiro... Cheguei à conclusão de que estava na hora de dar o meu contributo fora de campo para a reconquista".
O que faltou: "Faltou uma conquista internacional. É uma das coisas que lamento, por tudo aquilo que o presidente propôs, nós estivemos em duas finais de Liga Europa e isso é uma coisa que vou lamentar para o resto da minha vida".
Novo cargo nas relações internacionais: "Tudo está encaminhado para isso. Hoje quero aproveitar o momento. Quanto a treinador... Não sei de nada. Só conheço a visão de dentro de campo, não poderia pensar nesse caminho. Os planos agora são outros. A prioridade será sempre a minha família, o caminho é longo, preciso de ter calma. Ainda não consigo chegar perto da qualidade de visão de jogo que existe hoje em dia".
Sucessão: "Assim como quando era capitão todos os jogadores eram treinados para serem líderes, hoje continua a ser igual. Esta semana pude assistir aos sub-19 e à equipa B e vi uma maturidade impressionante. Todos os jogadores têm essa capacidade. Se um dia eu cheguei a capitão e outros havia que podiam chegar a capitão... O Jardel é o nosso líder, mas a liderança é partilhada por todos".
Possibilidade de deixar o Benfica: "Aqui em Portugal criou-se muita polémica, porque não tive a oportunidade de gerir uma proposta ou outra. Tive uma pessoa que me chamava e mostrava o que ia acontecer, que era o presidente. Quando comecei aqui as críticas foram tantas... Às vezes estava lesionado... Uma vez vim treinar e acabei a chorar, a dizer que ia voltar ao Brasil, que não aguentava a pressão. A partir desse dia eu pus na cabeça que ia fazer história neste clube. Terminar uma ligação que me deu tanto seria anti-ético da minha parte. O clube é gigantesco".
Pedido da filha: "Descobri na carta para o Pai Natal que ela pediu que eu encerrasse a minha carreira e o meu projeto era esse. Não consigo especificar dados sobre o meu futuro. O que vivemos no dia a dia é inexplicável. Nunca vão ter noção da amizade que se vive dentro do balneário, o nosso plantel é fantástico".