Numa curta entrevista a O JOGO, Mário Wilson comentou a saída de Jorge Jesus e a entrada de Rui Vitória no Benfica. "Temos que o apoiar e o jogador português também", defendeu o treinador campeão nacional e vencedor de duas Taças de Portugal, no Benfica, e selecionador nacional entre 1978 e 1980
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Mário Wilson, 85 anos, chegou a Portugal aos 19 anos para jogar no Sporting. Foi campeão nacional em 1949, foi campeão nacional, e entre 1952 e 1963 jogou na Académica de Coimbra. Depois de terminar a carreira, conduziu o Benfica à conquista do campeonato nacional em 1975/76, numa equipa onde pontificavam os avançados Nené e Jordão. Entre setembro de 1978 e março de 1980 orientou a Seleção Nacional, não atingindo o objetivo de garantir a presença no Campeonato da Europa de 1980, em Itália. Com um vasto currículo como treinador - entre 1964 e 1999, além da Académica e do Benfica, Mário Wilson orientou ainda o Belenenses, Tirsense, V. Guimarães, Boavista, Vitória de Guimarães, Estoril, Cova da Piedade, Louletano, Torreense, Olhanense, Águeda, FAR Rabat, de Marracos, e Alverca -, o treinador que conquistou ainda duas Taças de Portugal no Benfica (1979/80 e 1995/96), foi distinguido, a 13 de julho de 1990, com a Ordem de Mérito de Comendador.
Em conversa com O JOGO, esta quinta-feira, Mário Wilson abordou a saída de Jorge Jesus para o Sporting e a entrada de Rui Vitória para o Benfica:
Como analisa a saída de Jorge Jesus?
"O trabalho que ele fez tem mérito absoluto, foi de uma dimensão excecional. Essa dimensão é devida essencialmente ao presidente Luís Filipe Vieira. No momento em que havia quase um descrédito por parte de do presidente em relação ao Jorge Jesus, manteve-o numa fase má. Luís Filipe Vieira incutiu um estado de espírito ao Jesus que, atendendo à sua capacidade - é um treinador de um elevado nível -, automaticamente acabou por projetar-se a um nível mundial, através do Benfica".
Ficou surpreendido com a saída de Jorge Jesus para o Sporting?
"Não estou muito por dentro do que se passa, ou seja, não estou identificado em absoluto sobre as relações humanas entre ele e o presidente. O que eu sei é que ganhou um estatuto que não tinha e houve um período, em que não estava numa boa posição no clube, que quem lhe deu a mão foi o presidente. Foi um grande risco o presidente ter insistido na sua continuidade numa fase menos boa".
Mas reconhece mérito a Jorge Jesus?
"Mérito pelos títulos que conquistou, pela forma como pôs a equipa a jogar, pelos jogadores que valorizou, essas situações relacionadas com o esplendor do futebol e das massas associativas".
E Rui Vitória? Será uma boa aposta para o Benfica?
"É um treinador que está identificado, que fez um bom trabalho no Vitória de Guimarães, traduz o atual estado do futebol nacional que tem de começar a olhar para os jogadores jovens jogadores portugueses. As nossas seleções têm muito jogadores jovens com um esplendor fantástico e, tanto quanto sei, Rui Vitoria poderá ser o treinador ideal para apostar nos jogadores mais novos e, particularmente, nos nacionais. Temos que apoiar o Rui Vitória e o jogador português. A nível de treinadores e jogadores entramos na elite mundial e temos que valorizar o que é nosso e estar seguros de que é esse o caminho".