Filipe Mesquita é o treinador do quase imaculado líder da Série B. O desempenho está a superar as expectativas. Oito vitórias e dois empates em dez jogos é o percurso dos leceiros, que foram repescados para os nacionais depois de terem ficado no terceiro lugar na competição máxima da AF Porto.
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Oito vitórias, dois empates e a liderança na Série B do Campeonato de Portugal, com um avanço de seis pontos para o segundo classificado. Este é o resumo do desempenho do Leça, que não ia participar nos nacionais porque em 2023/24 ficou em terceiro no apuramento de campeão da AF Porto (no qual só um subia diretamente) mas acabou por ser repescado.
Filipe Mesquita, treinador que guiou os leceiros de volta ao CdP, assume que o percurso “excede as expectativas”. “Não estávamos destinados a participar no CdP, fomos convidados muito próximo do início e sabíamos que tínhamos uma tarefa difícil pela frente”, explica. No entanto, a tarefa não o assustou. “Quem é que não gostaria de ter uma expectativa e depois a realidade vir a revelar-se ainda melhor? A subida foi muito motivadora para os jogadores se mostrarem num palco superior. Formámos um plantel competitivo e esta competitividade mais o caráter dos jogadores tem superado muitas condicionantes que tivemos”, acrescenta.
Gerido por uma SAD, o Leça apresenta-se como projeto com “base formadora” mesclado por alguns elementos mais experientes. “Servem de base para esta juventude toda. Isto é quase um ninho para estes jovens, que foram todos recrutados depois de terem sido indicados pelo nosso scout”, expõe a O JOGO. “Não prescindimos das características mentais num jogador. Temos muita juventude e no jogo da Taça de Portugal [derrota, nos penáltis, com o Marco 09] essa vertente veio ao de cima”, constata. “Estamos a desfrutar do primeiro lugar, mas temos de estar cientes que as coisas mudam muito rápido no CdP”, avisa. “Para esta equipa não existem limites. Estamos muito bem e temos pessoas que acreditam no potencial desta gente toda”, valoriza Filipe Mesquita.
Cada vez mais distantes ficam os dourados anos 90, nos quais o Leça somou três presenças seguidas na I Liga, tempos a que os adeptos desejam voltar. “O nosso principal objetivo é consolidar o clube no CdP. Estamos perto de o conseguir e, nessa altura, iremos ver se alcançamos algo mais. Os adeptos estão habituados a ver o clube em grandes palcos e nós também temos essa ambição, mas não podemos pôr demasiada pressão nos jogadores. É necessário ajuda nos bons e nos maus momentos e os adeptos são incansáveis nesse aspeto”, finaliza.
Parte emocional pesou na decisão
Filipe Mesquita já tinha estado no Leça, onde orientou os sub-19 de 2016 a 2019. Quando foi convidado a regressar, a decisão foi “em parte emocional”. “Também foi pensada, sei que estou com pessoas sérias num projeto sério e ambicioso, mas também sou sócio do Leça e foi uma decisão fácil de tomar. Foi a decisão certa”, resume. Aos 40 anos, Filipe sabe que também se está a promover. “O treinador é o que os jogadores fazem dele. Sou a cabeça de uma equipa técnica bastante competente, mas em constante aprendizagem”, diz.