O extremo volta a Guimarães para defrontar pela primeira vez o ex-clube. João Henriques destaca qualidade do ex-pupilo.
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É já no sábado que Edwards volta a Guimarães, a cidade que lhe deu berço depois de um período complicado na carreira, para defrontar pela primeira vez o ex-clube. E foi aí que verdadeiramente tudo começou para o extremo do Sporting.
No Minho, o jogador vivia com o pai, deslocava-se num Mercedes para os treinos, deu pouca atenção às aulas de português e rompia as meias atrás por causa da dimensão dos gémeos.
Sem espaço no Tottenham - jogou nos sub-23 -, o mini-Messi, como um dia lhe chamou Mauricio Pochettino, desceu vários degraus para atuar por empréstimo no Excelsior, dos Países Baixos. Escondido num clube que acabaria por descer, fugiu ao apagão rumando ao Minho, pela mão do então diretor-desportivo Carlos Freitas, a custo zero. Foi do banco que assistiu aos primeiros jogos e até treinava à parte, pois não tinha a intensidade desejada pelo treinador, na altura Ivo Vieira. Mas o miúdo, agora com 23 anos, acabou por impressionar, ao ponto de ser metido à força na lista que seguiu para a UEFA dos eleitos para a Liga Europa - inicialmente o seu nome não constava.
A viver com o pai num condomínio na Cidade-Berço, o internacional inglês em todos os escalões de formação, e campeão europeu sub-17, piscou o olho a um Mercedes quando assinou, o mesmo carro que conduzia em Londres. O clube fez-lhe a vontade. Os primeiros passos estavam dados mas faltava a confirmação, que chegou com um golo ao Arsenal na Liga Europa, na derrota por 3-2. E aquele momento deu-lhe um prazer redobrado, afinal tratou-se de um dos principais rivais do Tottenham. E quando assim é, há sempre contas a ajustar.
Família: pai do jogador é inglês e a mãe cipriota. Atacante tem dupla nacionalidade.
Fechado, tímido, o telemóvel era a extensão do seu braço e a música a sua companhia. As conversas resumiam-se ao mínimo e indispensável, até porque nunca se esforçou para falar português. As aulas que foi tendo com uma professora indicada pelo Vitória ficaram sempre em segundo, terceiro ou quarto plano.
Dizem os mais próximos que o extremo é uma pessoa "fechada no seu Mundo" e que não se deslumbra facilmente com o que surge à sua volta. Sem tiques de vedeta, sabe claramente o que pretende para o futuro e foi por isso que não hesitou em aceitar o convite do Sporting, mesmo tendo outras hipóteses em cima da mesa. Os leões pagaram 7,5 milhões de euros por cinquenta por cento do passe.
Conhecido pela qualidade técnica, tem por hábito romper as meias atrás por causa da dimensão dos seus gémeos.
Leões podem variar com jogador "poderoso"
João Henriques, ex-treinador do Vitória de Guimarães, analisa o Sporting e em particular Marcus Edwards, que conhece bem.
"Tem umas características diferentes de todos os outros jogadores, ainda está à procura do seu espaço. Tem colegas com muita qualidade. Estamos a falar do Sarabia que é um dos melhores jogadores do nosso campeonato a jogar na posição onde ele também prefere jogar", começou por comentar a O JOGO o treinador, destacando as principais características do extremo.
"É um jogador muito poderoso no um contra um, sobretudo isso. Imprevisível nas suas ações. Dá possibilidades ao Sporting de variar naquilo que pretende para cada um dos jogos. Tanto o Marcus como o Slimani foram acrescentar isso ao Sporting", sublinhou.
João Henriques não se quis estender em relação à personalidade do jogador, preferindo afirmar que tem "características especiais em termos de personalidade, que a pouco e pouco vai melhorando". "O Rúben saberá tirar o melhor partido dele. É um jogador que a pouco e pouco no Sporting irá sentir-se mais à vontade para fazer o seu jogo. Agora é um trabalho que tem de ser feito com paciência porque não é fácil entrar a meio de uma época na equipa", finalizou.
Equipa estava a ficar demasiado previsível
Além de falar sobre o ex-pupilo, Edwards, João Henriques também analisou a dupla de ataque do Sporting, Paulinho e Slimani. "Os dois avançados agora podem ser servidos de outra forma. Têm mais poder de finalização e mais soluções, o que dificulta a tarefa de quem defende", comentou.
João Henriques defende ainda que o Sporting precisava mesmo de uma mudança porque "a equipa já estava a ficar demasiado previsível" para os adversários. "Estava com mais dificuldade em vencer os jogos por isso mesmo, por ser uma equipa que toda a gente sabia como jogava. Agora acrescentou uma nuance que os torna mais imprevisíveis", explicou o treinador.
A nuance introduzida por Rúben Amorim não deixa o leão mais permeável defensivamente porque "a equipa está normalmente muito equilibrada" com os "dois médios e os centrais bem posicionados".
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