Daniel Ramos afirma ter ficado fascinado com Morita a cada jogo que via. Treinador pediu a contratação do atleta e revela a O JOGO o empenho do nipónico: tinha um tradutor amigo e gravava as palestras para evoluir no seu rendimento.
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Daniel Ramos foi o primeiro treinador a orientar Morita em Portugal. Em 2020/21, pediu a contratação do atleta e ficou fascinado com o que viu em vídeo.
"O Diogo Boa-Alma [administrador da SAD e diretor desportivo do Santa Clara na altura] indicou-me o nome. Cada vez que via um jogo dele ficava mais entusiasmado. Posso dizer que vi oito jogos do Morita. Dava-me prazer. Disse logo para o trazermos no início de janeiro e ser logo inscrito", revelou a O JOGO o ex-treinador de Santa Clara, vincando que teve logo uma "afirmação tremenda" e que é "normal que seja indiscutível no Sporting."
De acordo com o técnico, a meta de Morita desde que chegou a Portugal foi "afirmar-se na Europa" e assegura que o jogador teve "sempre em mente ir ao Mundial", para o qual está convocado. O empenho do médio era inabalável, tanto que Ramos teve de se adaptar a uma situação inaudita.
"Ele veio sozinho, praticamente não falava inglês. Ele gravava as conversas, as palestras, estava dedicado a tentar perceber as reuniões. Tínhamos uma tradução e foi muito importante que ele pudesse ter um amigo a viajar para Portugal para o ajudar. Funcionava como tradutor. Ele assistia às reuniões da equipa. Foi uma situação diferente para mim, mas ele procurava transmitir tudo o que eu queria dizer ao Morita. Era um rapaz impecável. Depois, veio a esposa e o cãozinho, o que facilitou a integração. Ele sempre quis triunfar", adiantou, orgulhoso, o treinador que lhe entregou 21 titularidades em meio ano.
Hoje vê o jogador "adaptado" no Sporting e diz que se nota que "aprendeu algumas palavras em português."
Horas a rematar de longe
"Não me surpreendem estes números", diz Daniel Ramos sobre o rendimento de Morita. "Tínhamos a construção a dois médios. Ele era o primeiro, no Sporting é o segundo, daí aparecer em zonas adiantadas. Mas também lhe dei liberdade. Conheciam-no e inverti porque estava bem marcado", recorda, elogiando a finalização: "Tem bom remate com os dois pés. E direciona com facilidade. Era cuidadoso na quantidade, mas persistente no trabalho específico. Ficava após o treino a rematar de fora da área."