O mimo de Fábio Vieira, a ansiedade da equipa e o treinador-funcionário. Tudo o que disse Vítor Bruno
Acompanhe a conferência de imprensa de Vítor Bruno na véspera do Aves SAD-FC Porto, partida da nona jornada da I Liga
Corpo do artigo
Ansiedade da equipa: "Se estiver sempre ansiosa e ganhar 2-0 todos os jogos, dê-me uma folha que assino já"
O que disse sobre Mora: "Não queria, até porque foi um tema sensível que veio à baila e prometi a mim mesmo que não tocava mais no assunto. E tinha acabado de o falar há pouco tempo. Interpretaram da forma errada. Ponto final. O que quis dizer foi para as pessoas olharem para a evolução dele desde o jogo com o Bodo/Glimt para o jogo seguinte, com o Arouca. Falava de comportamentos sem bola. Quem fizer uma análise atenta ao que foi o rendimento dele no jogo percebe o que estou a falar. O próprio Rodrigo Mora também percebe o que estou a falar, porque foi partilhado com ele logo nesse dia após o jogo com o Arouca, para ele perceber a diferença de um momento e do outro. Foi muita coisa extrapolada. Sinceramente, incomodou-me, porque, no fundo, foi faltar um bocadinho à verdade. Não estou a dizer que foi feito de forma intencional ou não. Faltaram à verdade em relação à minha verdade e ao que quis passar, num conjunto de comportamentos em todos eles estavam a ser transversais entre três ou quatro jogadores. Nunca privilegiar um ou três para criticar outro. Não foi essa minha intenção, em nenhum momento. Foi apenas para elogiar quatro jogadores que têm tinha tido um comportamento diferente sem bola. Foi apenas isso que quis passar. Houve quem quisesse levar para outro lado, não sei com que intenção, com que objetivo, mas também não quero pronunciar-me mais sobre isso. O esclarecimento que tinha de fazer, fi-lo com os jogadores logo no dia a seguir. E ainda bem que eles ouvem conferências e percebem qual foi a minha intenção quando falei daquele tema. Isso, para mim, é o mais importante. Saber que quem ouve e está comigo no balneário, percebe e percebe o porquê, porque isto é falado diariamente com eles no balneário. "
Dormir descansado:"Quem foi mais utilizado neste jogo com o Hoffenheim, esteve cerca de 1h40 no campo. Desde que terminámos o jogo com o Hoffenheim até ao jogo de amanhã. Nesse tempo, é difícil levar a treino tudo o que sentimos que tem espaço para crescer. E, na verdade, estamos a falar de um processo de crescimento de uma equipa nova, em que as pessoas olhem e se revejam muito no que estamos aqui a construir. Agora, muito do que tem sido operacionalizado em treino e as ideias que têm de ser validadas, não é só com análise de vídeo, não é só falando com os jogadores de forma individual, coletiva, setorial. É preciso levar muito a treino e o tempo para treinar tem sido pouco. No momento ofensivo, há duas jornadas falávamos, antes do jogo com o V. Guimarães – eram dados estatísticos da Liga, não eram meus –, que o FC Porto era a equipa que mais oportunidades criava e mais remates à baliza fazia. Não era perfeita nessa altura, como na altura também não é, nem está perto disso. Como disse, andamos sempre à procura de roçar a perfeição. Houve momentos da época em que já estivemos muito bem, outros não tão bem. Hoje, se calhar, melhor. Sei que a intencionalidade da pergunta tem que ver com o momento defensivo da equipa. Mas eu também sei disso. Mas também se que o Hoffenheim faz um remate enquadrado na baliza. Queremos sempre melhor. Ser muito identitários no que é nosso, sermos muito agressivos no primeiro momento. Se calhar, se tivéssemos isso e ido mais para o lado emocional com o Hoffenheim, teríamos tido outro resultado que não aquele que tivemos agora. Queremos um futebol espetáculo, champanhe, artístico. Eu também quero, também gosto e sou muito adepto disso. Agora, é perceber o momento, ver o que temos, o que estamos a construir, garantir passos sólidos e, a partir daí, tornar o jogo cada vez mais rico. Andando passo a passo, vamos lá chegar."
A estatística: "Quem foi mais utilizado frente ao Hoffenheim esteve cerca de uma hora e 40 minutos em campo, entre esse jogo e o de amanhã [em treino]. Nesse período é difícil levar a campo o que queremos fazer para o próximo jogo. Não é só o vídeo. Há pouco tempo para o treino. Havia dados estatísticos na Liga que mostravam que o FC Porto era a equipa que mais oportunidades e remates tinha. Não éramos perfeitos aí. Agora igual (...) Queremos um futebol espetáculo, com champanhe, artístico... Tornar o jogo mais rico, andando passo a passo. Vamos lá chegar".
Transformação do clube após as eleições: "A estabilidade que quero que a equipa tenha é com resultados; é ganhando. O resto sai fora da minha esfera de atuação, não tenho de me pronunciar. O clube está muito bem entregue, como disse. Eu serei transitório no clube, sou um mero funcionário. O presidente pode ter outro tipo de longevidade, porque, geralmente, têm ciclos mais duradouros no tempo. Não quero muito entrar por aí. Passa do âmbito da minha atuação. Tudo o que for para agregar, contem comigo para falar de momentos positivos do clube. Agora, tudo o que for para criar alguma dissonância e ruído, não me leve a mal"
Sobre Fábio Vieira: "O mimo que falei, não era dando minutos. Era mimo por palavras, por gestos e atitudes que estava a precisar. O Fábio teve um ano em que foi fustigado por lesões, um período grande de inatividade física e tudo isso, para um jogador com a idade e com o talento que tem o Fábio, em determinado momento é capaz quase de o sufocar. Isso é perfeitamente aceitável. O Fábio está a dar passos seguros. É uma opção para jogar, como outro qualquer. Depende muito do perfil. Podemos muito adiantar um médio para jogar perto do nosso avançado, podemos jogar com um puro número 10 perto do nosso avançado, podemos jogar com dois avançados… O Fábio tem dado sinais, a cada jogo que passa, de estar melhor. A partir daí, as decisões serão tomadas amanhã."
Gestão do plantel: "O sentido de responsabilidade é sempre o mesmo. Numa equipa como o FC Porto, tem de ser sempre muito apurado, olhar para o adversário e dar-lhe o valor. Nesta fase, o ciclo é denso e vaí muitos jogos. Temos dois para trás, vamos fazer o terceiro amanhã, mas, nesta fase, ainda não se coloca esta questão. Do ponto de vista físico, não é nada que salte para cima da mesa como fator determinante para tomarmos decisões. Se o jogo fosse hoje, aí sim, teríamos de ter um olhar mais sensível, olhando para um ou outro caso mais individual. Não sendo esse o caso, apenas olhamos para a dimensão mais estratégica, tática, aquilo que pensamos que podemos levar a jogo para tirar o melhor partido daquilo que o adversário nos oferece enquanto oportunidade e controlar tudo aquilo que são forças do Aves SAD. Foi dessa forma que preparámos o jogo, ainda temos o dia de amanhã para trabalhar mais um ou outro pormenor, mas sem qualquer tipo gestão. Com a máxima vontade de ganhar, com aqueles que sentimos que são os melhores para ir a jogo. E os melhores nem sempre são aqueles que iniciam logo no onze, mas muitas vezes os que são injetados a partir do banco e resolvem jogos. Eles sabem disso. A importância deles é total, quer comecem, quer a partir do banco"
Opinião sobre o Aves SAD: "É uma equipa que em casa não perdeu ainda, que nos últimos 3 jogos não sofre qualquer golo. Isso é que tem de ser para nós o indicador claro e inequívoco do que é a fortaleza que constroem na condição de visitado. Teremos de entrar muito forte para competir desde o primeiro minuto, numa competição que para nós é a prioritária enquanto objetivo do clube. Olhar para o jogo dessa forma, muito sérios, com muita vontade de ganhar. E realçar quem está do outro lado: uma equipa equilibrada, muito organizada, com gente perigosa e acutilante na frente. Teremos de estar muitos atentos, quer no momento com bola, quer no momento sem bola, para podermos, em determinados momentos, fazer decrescer a qualidade dos melhores elementos do Aves SAD e colocar a nu algumas fragilidades que possam ter, levando aquilo que é nosso para jogo, tentar ganhar e competir sem nos cansarmos para virmos de lá com os três pontos.