O lugar de Pepê, o jejum dos avançados, a arbitragem e as palavras de Ranieri. Tudo o que disse Martín Anselmi
Fábio Vieira e Martín Anselmi fazem, a partir das 18h30, a antevisão ao jogo da segunda mão do play-off de acesso aos oitavos de final da Liga Europa (quinta-feira, 17h45, em Itália)
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O que disse Martín Anselmi
Como olha para este jogo decisivo? Marcar primeiro pode ser favorável? "É sempre importante marcar primeiro, seria o ideal. O rival é forte, tem bons jogadores e individualidades, uma equipa capaz de se impor em cada duelo. Os primeiros minutos serão muito intensos, vão querer empurrar-nos para a nossa baliza, mas treinámos bem e espero que as coisas saiam como planeado."
FC Porto só marca na segunda parte: "Não tenho explicação para isso, queremos marcar na primeira parte. No entanto, por vezes, nos nossos jogos e em qualquer outro, como vimos na Champions, as pernas têm menos energia na segunda parte e aparecem mais espaços. Com uma pressão super alta e a necessidade de correr por todo o campo, torna-se mais complicado na segunda parte e os jogos acabam por se abrir. Contra blocos baixos, há equipas que conseguem aguentar isso durante mais tempo, e as bolas paradas podem ser importantes. Depois, há fatores circunstanciais. Contra o Rio Ave, merecíamos ir a ganhar para o intervalo, e contra a Roma tivemos a melhor oportunidade na primeira parte. Os jogos desenrolaram-se dessa forma."
Francisco Moura, sente-o a evoluir a nível físico e a fazer o que lhe pede? "A nossa forma de jogar envolve muito os laterais, que têm um papel importante. Têm de ir e vir, conseguir atacar com a mesma intensidade com que defendem e dividir um lado do campo com dois jogadores. Precisamos de jogadores com capacidade para repetir esforços e para se incorporarem no ataque. O Francisco incorporou-se duas vezes contra a Roma e, numa delas, foi recompensado. Temos uma ala esquerda que também acaba por fazer muitos golos, parece que é de propósito. Mas o Moura tem essa capacidade, tal como o João Mário do outro lado. E tanto o Zaidu como o Martim Fernandes, quando recuperar, têm essa capacidade, assim como o Moura."
Chegou com a época em andamento e sem a possibilidade de disputar todos os troféus. Nesta altura, é na Liga Europa que pode mostrar resultados mais imediatos? "No campeonato ainda há muito para jogar e ainda temos possibilidades de mostrar resultados. Nestes torneios, todos os jogos são decisivos, e viemos a Roma com ambição e vontade de ganhar. Não viemos cá apenas para ver o que acontece."
Onde pode Pepê render mais? "Imaginámos o Farense com um bloco baixo, onde os nossos alas poderiam ter uma tendência mais ofensiva, acabando por atuar mais como extremos do que como laterais. Sei que o Pepê jogou a lateral aqui. O João Mário precisava de um descanso para chegar a este jogo em melhores condições, por isso entendemos que o Pepê era a melhor opção. No entanto, não o imagino a jogar ali, mas sim por dentro, onde tem capacidade para receber a bola e tirar adversários do caminho. A equipa está sempre acima do individual, e acabou por jogar numa posição que não é onde o imagino."
Sem ligação aos avançados: "O importante é que a equipa marque. Queremos ganhar e, para isso, são precisos golos, independentemente de quem os marque. A minha experiência mostrou-me casos em que um avançado passa meia época sem marcar e, na segunda metade, torna-se o melhor goleador da equipa ou até do campeonato. Tenho plena confiança na capacidade, classe e qualidade dos meus avançados. O facto de não estarem a converter pode dever-se a vários fatores. São fases que, de um momento para o outro, terminam, e de repente todas as oportunidades que antes não entravam começam a entrar."
O que há a corrigir? Como comenta as declarações de Ranieri? "Há coisas a corrigir, e não sei se essa é a palavra exata; também há coisas a modificar, porque se fizermos exatamente o mesmo que fizemos no primeiro jogo, não teríamos nenhum tipo de vantagem. Nesse sentido, gosto desse tipo de jogos, porque no segundo jogo podem-se fazer ajustes. Sobre as declarações, não li e prefiro não comentar, pois não estou dentro do contexto. Só quero justiça. Não quero que nos dêem nada, desde que o árbitro esteja bem, está tudo certo. Não quero vermelhos mal mostrados ao adversário ou um pénalti mal assinalado a nosso favor."
Acha que Ranieri acredita mesmo no que disse relativamente ao equilíbrio do jogo? "De um lado, toda a história da Roma e a jogar perante os seus adeptos, com muita qualidade, contra um FC Porto com toda a sua história, os seus adeptos e a sua qualidade. Portanto, devolvo os 50-50."
O que disse Fábio Vieira
Passar a eliminatória: "Começámos a preparar deste jogo da melhor forma. O formato da prova é diferente do que estávamos habituados, mas a eliminar são dois jogos. A nossa oportunidade é amanhã, é isso que queremos fazer: passar à próxima eliminatória."
Mais preparados agora? "Temos o jogo bem preparado, tendo em conta o que o míster pediu. Temos um plano que vamos tentar seguir à risca Nunca há jogos iguais, o jogo de amanhã será completamente diferente. Temos de estar no máximo das nossa capacidades. A Roma é uma boa equipa, com boas individualidades. Só um grande Porto pode estar em campo para levar de vencida a Roma."
Mais útil: "A equipa é composta por vários jogadores, todos com um papel muito importante nas ideias do nosso treinador. O sistema é diferente, sim, e precisamos de tempo para nos adaptarmos ao máximo, tentando sempre assimilar o que o míster pede. Temos vindo a melhorar de jogo para jogo. Com as ideias bem definidas e os jogadores no máximo, as coisas acabam por fluir naturalmente."
O peso da Liga Europa: "Uma competição, como temos vindo a dizer, muito importante para nós. Estamos na Liga Europa e no campeonato, e olhamos muito para o que podemos alcançar no futuro próximo. Vamos dar tudo em ambas as competições para tentar conquistar o título. O nosso foco é pensar jogo a jogo, e o de amanhã é o mais importante. A equipa está confiante, estamos a seguir o míster e teremos um FC Porto forte em campo."
Ter um papel na equipa: "É óbvio que já conheço esta casa há muitos anos. Conheço todos os pergaminhos deste clube. Sinto que posso ser uma voz ouvida no balneário. O máximo respeito que tenho por eles é o mesmo que têm por mim. Não me acho mais nem menos por estar cá há mais tempo. Todos no grupo têm a sua voz."