Duas vitórias, um empate, duas vezes figura do jogo e uma nota nove: a vida do portista Casillas em casa do Benfica
Corpo do artigo
Se há estádio em Portugal onde Casillas pode dizer que é feliz é no da Luz. Afinal, foi no recinto do Benfica que o guarda-redes do FC Porto realizou algumas das melhores exibições em solo português, todas elas fundamentais para que entre no clássico de domingo com um registo a roçar o impecável: duas vitórias e (apenas) um empate. Os mais supersticiosos dirão que o espanhol é uma espécie de amuleto dos dragões, que bem lhe podem agradecer o facto de terem saído do recinto encarnado bem vivos na luta pelo título, mas a verdade é que as escolhas para figura do encontro por parte de O JOGO não foram obra do acaso. A infografia e a análise individual que publicamos na ressaca dessas exibições, e que recuperámos nestas páginas, são bem cristalinas em relação à importância que tem tido frente a um adversário contra o qual também nunca perdeu (nem mesmo como visitado).
Depois de ter travado o Galatasaray, ataca o quarto jogo sem sofrer golos
A deslocação ao estádio que lhe traz algumas das melhores recordações da carreira, até pelo facto de ter sido na Luz que conquistou a mais recente Liga dos Campeões da carreira (2013/14), surge na melhor fase de Casillas nesta temporada. Depois de um arranque bastante complicado, com golos sofridos em três dos quatro primeiros jogos de 2017/18 (a exceção foi com o Chaves), o espanhol de 37 anos tem conseguido fechar a porta aos adversários com maior frequência. Nos últimos cinco encontros, por exemplo, só foi buscar a bola ao fundo da baliza em um: frente ao Schalke 04. V. Setúbal, Tondela e Galatasaray bateram com estrondo na muralha espanhola, pelo que é na procura do 60.º jogo sem encaixar golos pelos dragões que se apresentará no recinto encarnado.
"É verdade que me tenho saído bem aqui, embora tenhamos sofrido mais do que devíamos. Mas assim também dá mais gosto ganhar. É um estádio que me traz boas recordações", Casillas a 12/02/2016
Apesar de lhe serem reconhecidas intervenções decisivas, como sucedeu no Bonfim, quando o FC Porto "só" vencia por 1-0, Casillas está longe de ser o guarda-redes com mais trabalho do campeonato. Entre os das equipas que ocupam os quatro primeiros lugares da classificação, até é o que tem jogos mais "descansado". A média de defesas do Santo é de 1,3 por encontro, enquanto a Matheus (antes de se lesionar) é de... 5. Vlachodimos, do Benfica, apresenta uma média de 2,7 intervenções por desafio e Salin, do Sporting, de 3,2. No entanto, e olhando para a estatística dos três clássicos que fez na Luz, a probabilidade de Iker ter mais trabalho do que até aqui é mais alta. E as hipóteses de brilhar também.
2017/18 Benfica-FC Porto 0-1
O espanhol "come" clássicos ao pequeno-almoço e transmite uma enorme tranquilidade a quem está à sua frente. E se o jogo é na Luz - onde já ganhou uma Champions -, então o hábito é brilhar. Começou o último com uma saída segura dos postes para agarrar um cruzamento e depois chamou a si o protagonismo, bem alto, em dois lances: aos 22" impediu que Cervi marcasse num remate cruzado e a fechar a primeira parte fez o mesmo, quando Pizzi apareceu à sua frente. Provou que os reflexos não estão condicionados pela idade.
2016/17 Benfica-FC Porto 1-1
Na época passada, ofereceu o triunfo do FC Porto na Luz com cinco defesas incríveis. Desta vez, ficou-se por um empate e quatro paradas. Aos 62", desvia para canto um remate em arco de Jonas. Aos 65", corrige a deslocação e voa para o lado contrário para, de forma milagrosa, evitar o 2-1. Aos 72", fez melhor e parecia impossível ser... possível. Com as mãos, defendeu o tiro de Mitroglou, isolado; com os pés, sacou a recarga de Lindelof. Um monstro, chamaram ao Santo. Jorge Jesus chamou-lhe o mesmo no clássico do Dragão contra o Sporting. Casillas deve ter queda para estes jogos.
2015/16 Benfica-FC Porto 1-2
San Iker numa noite para mais tarde recordar. Exibição monstruosa com cinco defesas impressionantes. Começou, aos 15", a remate de Pizzi, continuou, aos 35", ao voar para dar uma sapatada a um tiro de Jonas. Brilhou ainda mais na segunda parte: aos 53", com Gaitán isolado, fechou a baliza e foi ao chão desviar para canto. Aos 67", fez a defesa da noite pelos reflexos que teve a sacudir um corte de Indi. Um minuto depois, usou o pé esquerdo para afastar um desvio de Mitroglou. Nada podia fazer no golo.