O futebol volta e um jogador testa positivo? Nélson Puga explica os procedimentos
Responsável clínico do FC Porto, Nélson Puga, garante que os clubes de futebol profissionais estão a preparar o regresso dos campeonatos para que sejam um exemplo a seguir pela restante sociedade portuguesa
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Entrevistado no Porto Canal, Nélson Puga, começou por mostrar otimista quanto à possibilidade do campeonato 2019/20 da I Liga terminar, o mais tarde, no verão e antes de agosto: "Estou em crer que sim. Felizmente em Portugal a pandemia surgiu com um bocadinho de atraso e isso permitiu que Portugal pudesse tomar medidas com antecipação por comparação com cenários mais preocupantes, como Itália. [...] A sociedade e o futebol vão ter de retomar. O futebol mostrou à sociedade o caminho que devia ser adotado quando acabou antes ainda do estado de emergência. Agora está a planificar com tempo para que a retoma aconteça de forma responsável e planeada, seja quando for. Não me interessa dizer quando, mas estou convencido, em função da evolução da pandemia, ainda que seja necessário limar algumas arestas, que teremos condições para retomar".
Num cenário de regresso do campeonato, porventura em junho, não deixará de colocar-se uma questão: Se campeonato for retomado e alguém for infetado, o que sucede? Volta a parar? Perante essas duas perguntas, o diretor clínico do FC Porto explicou: "O campeonato pararia se essa medida fosse aplicada no início da pandemia. Mas já estamos a perceber que há vários níveis de adaptação e nem toda a gente que contactou com um infetado fica em quarentena. Os de baixo risco já não são aconselhados a realizar o teste" disse.
"O que é lógico no futuro é que se existir alguém que tenha Covid positivo, esse fique isolado, sejam testados uma vez mais os que tiveram contacto próximo ou sejam considerados de alto risco e a vida tem de prosseguir com normalidade desde que outros sejam negativos e assintomáticos. É assim que vamos atuar e a sociedade o irá fazer. Antes de começarmos vamos tentar realizar testes imunológicos a toda a nossa população a ver se temos pessoas já imunes e esses podem ter medidas mais alargadas do que os restantes", prosseguiu.
"Primeiro começaremos a treinar isoladamente, com grupos separados de jogadores e mais tarde quando começarem os treinos de grupo, todos jogadores, staff e conviventes próximos serão testados. Estando negativos, a certeza e a segurança de que estamos a conviver com não infetados é muito maior. Criando ou mantendo os procedimentos de prevenção necessários, dessa forma nós vamos continuando a diminuir o risco para probabilidade muito baixa de contágio. Numa ultima fase, antes de começarem os jogos, 48 horas antes vamos testar a população Se tudo for negativo, vamos a jogo com todas as precauções. Num universo testado várias vezes como negativos, apesar de várias pessoas se cruzarem mas em espaços abertos e contactos esporádicos durante 90 minutos, o risco de temos um caso positivo é baixíssimo. O que me preocupa nem é o que possa acontecer entre os próprios jogos ou treinos, é o que possa acontecer fora do nosso ambiente", concluiu.
Nélson Puga disse ainda que o futebol espera ser um exemplo a seguir pela restante sociedade na forma como enfrentará a pandemia de covid-19. " nossa preocupação como médicos é a saúde e a saúde pública em geral. Não queremos ter uma ilha isolada com maus procedimentos. Queremos ser o contrário um exemplo, de uma forma que não faça correr riscos a ninguém. Com o evoluir dos acontecimentos, esse documento pode ter a necessidade de ser aliviado em termos de medidas ou até acrescentada mais alguma medida no sentido de manter nível de risco muito baixo na nossa atividade". finalizou.