Miguel Pinto Lisboa entende que o Vitória se situa entre "os principais prejudicados" pela ausência do público nos jogos e lembrou que "outras atividades, incluindo desportivas" têm merecido outro tratamento
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O regresso do público aos estádios continua a ser uma prioridade para o Vitória de Guimarães. À margem do anúncio de uma iniciativa solidária conjunta, com as instituições "CERCIGUI" (Cooperativa de Educação e Reabilitação do Cidadão com Incapacidades de Guimarães), "Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães" e "Casa da Criança", Miguel Pinto Lisboa considerou que o futebol tem vindo a ser "discriminado" pelo poder político e sublinhou que o Vitória tem sido dos clubes mais lesados com o embargo que dura desde março. "A equipa sente muito essa falta [dos adeptos]. Obviamente que sente. Um clube como o Vitória, que é dos que têm mais assistências por jogo e maior relação com os adeptos, tem sido um dos principais prejudicados pela ausência dos adeptos no estádio", assinalou o presidente do clube, embora admitindo que se deve fazer um compasso de espera em relação à presença dos adeptos nos estádios face ao agravamento da "situação epidemiológica". "Compreendemos isso, mas também entendemos que o futebol não pode ser discriminado negativamente como tem vindo a ser", juntou.
Caso se verifique um abrandamento da epidemia, Miguel Pinto Lisboa entende que se deve "analisar possibilidade de o público voltar ao estádio o mais breve quanto possível, não só por motivos financeiros, mas também pela relação dos sócios com o clube, da vontade que eles têm em sentir o seu clube". "Isso é uma preocupação do Vitória", referiu, embora certo de que o clube minhoto "tem tido um tratamento idêntico ao outros da Liga Portugal". "Nessa medida, não nos sentimos discriminados. Já o futebol como fenómeno é discriminado face ao que sucede noutras atividades, incluindo desportivas. E deve ser visto como outros são. Queremos os nossos adeptos no estádio, não só pela componente financeira, que é importante, mas pela componente emocional, que é decisiva. Muitas vezes o futebol é discriminado negativamente pela sociedade e ostracizado até pelos poderes políticos e públicos" , considerou o dirigente vitoriano, certo de que a campanha solidária liderada pelo Vitória poderá despertar consciências para a importância dos clubes. "Com estas iniciativas, queremos dizer que o futebol está sempre presente, apesar dessa discriminação negativa que por vezes se verifica. O futebol está próximo e consciente das necessidades e das dificuldades do seu público. Queremos evidenciar isso", referiu.
No âmbito da campanha solidária a que aderiu o Vitória, a principal equipa profissional do Vitória fará publicidade, nas camisolas, à CERCIGUI no jogo com o Tondela, à Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães no jogo com o Portimonense e à Casa da Criança no jogo com o Santa Clara. "O Vitória é um clube conhecido por estar próximo dos adeptos, da mesma forma que os adeptos estão sempre muito próximos do Vitória. O principal património deste clube são os adeptos e nós estimamos essa relação. Sabemos que neste momento as dificuldades são maiores e, nesse sentido, demos início a uma série de iniciativas que aproximam ainda mais o Vitória dos seus adeptos e da população vimaranense em geral. O clube tem feito os possíveis no sentido de atenuar algumas dessas dificuldades. É nessa lógica que se enquadra este apoio a algumas instituições de Guimarães que nos contactaram. E outras iniciativas se seguirão na quadra natalícia", garantiu Miguel Pinto Lisboa.
Decidido a reforçar a relação do Vitória com os adeptos, o presidente do clube admitiu ainda que o pagamento das quotas poderá ser revisto ou suspenso, como já se verificou, para os sócios que se deparem com dificuldades económicas. "O Vitória tem vindo a trabalhar em diferentes vertentes para que se verifique uma continuidade nessa relação. Temos sentido que os nossos associados continuam a seguir intensamente a vida do Vitória. Essa proximidade não está a esmorecer e o clube continua disponível para tomar medidas pontuais. Não queremos que nenhum associado deixe de estar relacionado com o clube por causa de uma dificuldade momentânea da sua vida, por motivos financeiros. Se forem dificuldades transversais, avançaremos com um programa mais alargado", referiu.