Luís Folhadela Rebelo espera que o raspanete dado por André Villas-Boas ao grupo no balneário seja “um toque de alerta” para o futuro
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A derrota com o Benfica deixou marcas profundas nos adeptos do FC Porto, pouco habituados a ver a equipa sofrer tantos golos nos clássicos como na atualidade. Desde a temporada de 1975/76, com Monteiro da Costa e Branko Stankovic ao leme, que os azuis e brancos não encaixavam nove golos nos três primeiros jogos da temporada com os outros crónicos candidatos ao título, mas os números são apenas uma consequência dos pecados que os três adeptos portistas inquiridos por O JOGO detetam na equipa. Por isso, Luís Folhadela Rebelo (consultor) partilham a ideia de que a margem de erro de Vítor Bruno está em fase descendente, depois de uma pré-época prometedora e de uma conquista (Supertaça) que fez o universo portista sonhar com o campeonato e a Liga Europa.
Na análise ao clássico da Luz, Massada não viu “um fio condutor no jogo” dos azuis e brancos. “Todos acordámos mal dispostos e esperamos que a equipa esteja tão mal disposta como nós”, afirma a médica, enquanto Álvaro Magalhães garante ter encontrado no Benfica “a garra e vontade” que eram “um suplemento de força” nos dragões. “O nível foi muito baixo, quase zero”, aponta o escritor e membro do Conselho Superior do FC Porto, órgão do qual também faz parte Luís Folhadela Rebelo, que espera que o raspanete dado por André Villas-Boas ao grupo no balneário seja “um toque de alerta” para o futuro. “No confronto direto com os principais candidatos ao título, o FC Porto deu uma imagem muito pálida e amorfa”, nota o consultor. “Há que arrepiar caminho”, acrescenta, em jeito de conclusão.
1- Que razões aponta para a hecatombe no clássico com o Benfica?
Sinto que o treinador ainda está a tentar encontrar o modelo de jogo e, particularmente, um meio-campo. Depois, falta uma voz de comando a uma equipa muito jovem. Quando está pressionada, principalmente em jogos com adversários mais difíceis, recua muito e nota-se uma incapacidade inata para subir.
2 - Que efeito espera do “raspanete” dado por André Villas-Boas à equipa?
Espero que seja um toque de alerta. Sinceramente, nem devia ter sido preciso esse “raspanete”. Estamos a meio da novembro e começa a ser mais do que tempo de a equipa ter um jogo estabilizado, capacidade para controlar o jogo e, às vezes, até algum compromisso, atitude e raça, que são o ADN Porto. Espero que marque um antes e um depois.
3 - Qual é a margem de erro de Vítor Bruno daqui em diante?
No confronto direto com os principais candidatos ao título - sendo certo que jogou sempre fora -, o FC Porto deu uma imagem muito pálida e amorfa. Tudo bem que o Sporting tem mais rotinas, é campeão, e que o Benfica tem um bom plantel. Mas as exibições não espelham a diferença de qualidade das equipas. Além disso, o desempenho europeu tem sido algo confrangedor. Por isso, a margem de erro está a estreitar-se e há que arrepiar caminho.