O estádio bonito virou fenómeno e está a caminho dos nacionais: "Foi sempre o sonho"
Construído nas encostas do Douro há 14 anos, o recinto que é casa do Resende tornou-se um sucesso nas redes sociais. Parece suspenso sobre o Douro e, embora desconhecido para muitos, é Património Mundial da UNESCO desde 2011. Ladeado por vinhas, é natural que até as bolas acabem nos socalcos.
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Foi construído nas encostas do Alto Douro para o Resende, já lá vão 14 anos, mas uma fotografia republicada pelo clube esta semana, nas redes sociais, deu-lhe fama para lá dos socalcos das vinhas. Segundo a Direção, o número de seguidores aumentou em poucos dias, assim como o interesse de muitos em descobrir onde fica afinal o recinto que é a casa das vitórias desta temporada, depois de a imagem que o fotógrafo João Farinha tirou há quatro anos ter sido repetidamente partilhada. “Podia ser retrato”, escreveu o Resende. Mas, na verdade, é bem real e fica numa zona que até nem é desconhecida, já que foi classificada pela UNESCO, em 2001, Património Mundial.
Fundado no dia 13 de maio de 1929 – há 96 anos, portanto — ainda sem um estádio ou sequer terreno onde jogar, este recinto que parece estar suspenso sobre o Douro foi parar ao Resende de forma inesperada. O terreno pertencia a um adepto que, dizem os habitantes mais antigos, o ofereceu ao clube a título quase vitalício. “Impôs a condição que, se o clube acabasse, o terreno voltava para a família”, conta a O JOGO Manuel Coelho, atual tesoureiro e conhecedor do Resende desde o primeiro presidente, Albano Magalhães. Nessa altura, a bola rolava num campo de terra batida, paredes-meias com os socalcos desenhados pelos lavradores e o apoio dos adeptos. “Mais tarde, o município fez um protocolo com o clube para fazer obras e construir definitivamente o Estádio Municipal do Resende. Ficou concluído em 2011”, acrescenta Herculano Teixeira, vice-presidente.
A localidade, explica, não tem mais do que dez mil habitantes e a maioria da população é envelhecida. Mesmo assim, adeptos nunca faltaram nas bancadas que, além dos golos, também veem uma ou outra bola acabar nos socalcos. “É o normal. Mas temos ótimos jogadores e são raras as vezes em que acontece. Depois vamos procurá-las”, afirma o dirigente. Na próxima época, contudo, o clube terá provavelmente que aumentar a verba destinada às bolas, já que, líder da Divisão de Honra da AF Viseu, deverá jogar no Campeonato de Portugal. “Agora custam 35 euros. Para o ano deve ser mais de 40 euros”, estima.