O comunicado da família de Jordão: "A narrativa da vida do nosso Rui não terminou"
Família do craque-pintor emitiu um comunicado este sábado, um dia depois da morte de Jordão, figura ímpar do futebol português, em especial do Sporting e da Seleção Nacional
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O ex-futebolista internacional português Rui Jordão morreu esta sexta-feira, aos 67 anos, no Hospital de Cascais, onde estava internado, em consequência de problemas cardíacos.
O antigo jogador, natural de Benguela, despontou no Benfica, clube no qual iniciou a carreira, em 1971/72, e destacou-se no Sporting, tendo disputado 43 jogos pela seleção portuguesa e marcado 15 golos, dois dos quais no Europeu de 1984, no qual Portugal foi eliminado nas meias-finais.
Jordão, que jogou também no Saragoça e no Vitória de Setúbal, onde terminou a carreira, em 1988/89, foi melhor marcador do campeonato português nas épocas 1975/76 e 1979/80, tendo conquistado seis títulos de campeão nacional, três Taças de Portugal e uma Supertaça portuguesa.
COMUNICADO NA ÍNTEGRA
"COMUNICADO DA FAMÍLIA DO DR. RUI MANUEL TRINDADE JORDÃO
Artista Plástico
As lágrimas do mundo são uma constante quantitativa: para cada um que começa a chorar, há um que pára de o fazer.
Samuel Beckett, À espera de Godot
Não vimos aqui, na verdade, comunicar nada. Não há nada de novo a comunicar. Quase antes de sermos informados, já a notícia corria na imprensa, nas redes sociais, no boca-a-boca... Rui Jordão faleceu esta manhã.
O que a imprensa, as redes sociais e o boca-a-boca não sabem é quem, de facto, era o Rui Jordão. Mas isso, se não se importam, fica para quem teve o privilégio incrível de privar com ele, de o conhecer para além da figura pública.
Num momento em que a perda de um ente querido nos fragiliza, comove-nos, acima de tudo, o facto de percebermos que mais pessoas do que pensávamos sabem, na alma, que o Rui Jordão era - e sempre foi - muito mais que um dos melhores jogadores de futebol portugueses do século XX.
Neste momento em que nos confrontamos com a brutalidade irónica da existência, vimos, aqui, agradecer a todos os que, directa ou indirectamente, o acompanharam, o apoiaram e, acima de tudo, o compreenderam.
A narrativa da vida do nosso Rui não terminou. Tal como nunca terminam as narrativas daqueles que transcenderam as glórias mundanas, a favor da contemplação humanista - figura pública, ou não.
Respeitando profundamente as suas intenções - sempre coerentes -, não haverá lugar a exéquias. A cada um a sua homenagem pessoal, profissional, ou pública. Não esqueçamos, no entanto, que, lá por não acabar a Primavera por morrer uma andorinha, certamente a Primavera ficará mais pobre...
O PINTOR: O escadote fica bem neste lugar?
FILIPE R T: Resulta melhor sem ele.
O PINTOR: O escadote fica bem neste lugar!
Dr. Rui Manuel Jordão"
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