Em entrevista a O JOGO, o médio luso-brasileiro aponta a metas mais ambiciosas na próxima edição da liga milionária. E aponta outra meta: a Seleção portuguesa.
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Recrutado ao Leganés (Espanha), num investimento total de 9,67 milhões de euros, montante que inclui encargos com serviços de intermediação, prémio de assinatura e o efeito da atualização financeira, Gabriel tardou em ganhar lugar no meio-campo encarnado, mas conquistou uma nova vida a partir do momento em que Bruno Lage assumiu o comando técnico do emblema da Luz, após a saída de Rui Vitória em janeiro.
Contratação mais cara da última temporada, o médio assume que, com a entrada de Bruno Lage, a confiança do grupo aumentou.
Todavia, lesionou-se no início de abril e desde então não jogou mais. Em entrevista a O JOGO, assume que fez um forcing para jogar o desafio do título, na última jornada, com o Santa Clara, como noticiámos. Não concretizou o desejo, mas a satisfação pelo 37.º título de campeão nacional foi a mesma.
Foi a contratação mais cara do Benfica. Que balanço faz da temporada que terminou com a conquista do 37.º título de campeão nacional?
- Em termos individuais, este foi um ano de momentos altos e baixos. Na altura em que cheguei ao clube não estava tão bem, mas depois, com a mudança de treinador para o Bruno Lage, consegui ter um nível bom nas minhas atuações. Depois veio a lesão e foi uma montanha-russa de emoções nesta época, mas teve um final feliz.
Foi com Bruno Lage que passou a jogar com mais regularidade. O que lhe disse o treinador quando decidiu apostar em si?
- Não houve nenhuma conversa individual comigo, mas a mentalidade dele e a ideia de jogo foram compatíveis com a minha mentalidade e as minhas características de jogo, de transição rápida, de querer recuperar a bola rápido - isso foram algumas das coisas que ajudaram. Sem dúvida que consegui demonstrar as minhas qualidades e pude fazer boas atuações.
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Ficou com mais peso e estatuto na equipa. A que se deveu essa alteração?
- Com a chegada do Bruno Lage, a dinâmica mudou. O grupo uniu-se mais e, com os resultados positivos, os desempenhos da equipa foram mais contundentes, o que torna o ambiente melhor. Assim, tudo ficou mais positivo no dia a dia. Sentimo-nos mais confiantes e importantes na equipa, e eu senti isso e pude corresponder.
Em termos europeus, o Benfica pode fazer mais na próxima época?
- Sim, acho que temos sempre uma margem para melhorar em tudo. Temos de pensar em melhorar e o nosso passo para melhorar poderá ser nas competições europeias - com o tamanho deste clube, temos de pensar assim.
O presidente já falou na ambição de vencer um título europeu. Pensar numa final da Liga dos Campeões é algo real?
- Acho que temos de pensar alto. Não podemos ficar a sonhar pequeno, temos de sonhar em grande, pensar em grande, pois estamos num clube grande, imenso, e o pensamento tem de ser grande, senão estaríamos no lugar errado.
O que pode garantir aos adeptos para a próxima época? Podem ver ainda mais do Gabriel?
- Primeiro, espero não ter lesões; espero estar apto o ano todo para jogar. Preocupo-me mais com resultados coletivos e não penso em metas individuais. Quando as coisas correm bem, os números individuais aparecem, e só espero que continuemos a conquistar títulos, algo que faça esta massa de adeptos ficar feliz a cada ano.
"É inevitável que Florentino dê o salto"
Gabriel deixa grandes elogios às capacidades de um dos miúdos (Florentino Luís) que Bruno Lage promoveu da equipa B ao plantel principal. O luso-brasileiro abordou igualmente o papel no meio-campo de Samaris, jogador com o qual também partilhou o miolo do terreno; para o ex-Leganés, o acordo para a renovação contratual do internacional grego representa uma boa notícia para os encarnados.
Fez dupla com Samaris no meio-campo várias vezes. Que análise faz ao desempenho do seu colega?
- Sem dúvida que é fácil jogar com o Samaris. Jogar com ele é muito bom. É um jogador excecional, tem qualidade e uma força física muito grande. Ainda conseguiu dar continuidade à carreira no Benfica e fiquei muito feliz por ter conseguido a renovação de contrato com o clube.
O Benfica fez bem em segurá-lo, pode depreender-se?
- Sem dúvida. Tenho um carinho muito grande por ele e fico muito feliz.
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E relativamente a Florentino, que também subiu à equipa principal e disputou o lugar consigo e com Samaris: sente que tem potencial para chegar mais longe?
- Sim, tem um futuro enorme. Falei com ele e disse-lhe: "Olha, isto aqui é só o começo e tens um futuro muito grande pela frente." É um menino nota 10. Se continuar o trabalho que está a fazer, terá um futuro imenso, sem dúvida.
Acredita que ele tem potencial para ambicionar jogar num clube de topo europeu, com maior dimensão que o Benfica?
- Sim, isso é inevitável. Acredito que o futebol é feito dessa forma. Se se está a corresponder a um nível alto e se desperta interesse, isso é normal. Seja aqui ou noutro clube, que ele tenha um futuro muito bonito, que tudo lhe possa correr bem. Não tenho dúvidas de que terá um futuro risonho.
Gabriel tem dupla nacionalidade e aguarda pelo dia em que poderá jogar com Ronaldo
Seleção portuguesa é meta
Apesar de ter nascido no Brasil, a janela da Seleção Nacional está aberta para Gabriel, dado que do lado paterno, todos os familiares são portugueses, excluindo o pai, que nasceu já em Terras de Vera Cruz. Com dupla nacionalidade, o médio manifesta vontade em vestir a camisola das Quinas. "Seria a oportunidade de disputar um lugar e defender esta Seleção. Não pensaria duas vezes", refere o jogador, que cumpriu a primeira temporada pelos encarnados.
Utilizado em 34 encontros, Gabriel apontou um golo, frente ao Sporting, na primeira mão da meia-final da Taça de Portugal e por várias vezes ouviu incentivos da família para eleger Portugal como seleção a representar, como nos conta. "Quando estamos juntos, dizem-me sempre que tenho de jogar e ir à Seleção e eu respondo que não sou eu que escolho. Se for chamado, sem dúvida que vou estar ali para desempenhar essa função. Que não seja só especulação e esse dia seja real", sublinha, sem esconder que concretizaria outro sonho, pois poderia jogar na mesma equipa que Cristiano Ronaldo. "Isso seria outra coisa muito grande na minha carreira, sem dúvida", comenta o médio encarnado.
Triunfo no dragão apontou "caminho certo"
Gabriel (na foto) não tem dúvidas e garante, sem hesitar, que o triunfo no Estádio do Dragão (1-2) foi o duelo mais importante para a conquista do título. "Foi o momento em que se sentiu que estávamos no caminho certo e que se continuássemos com aquela dinâmica, tudo iria correr bem", afirma o médio, que até foi expulso no clássico, por acumulação de amarelos, aos 77".