Fábio Barros, ou Fabeta, como é mais conhecido, era coordenador da formação até ser chamado a assumir a equipa principal. Duas vitórias seguidas dão oxigénio na fuga à descida
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Duas vitórias seguidas, ambas por 2-0, frente a União de Lamas e Salgueiros, fazem o Beira-Mar respirar melhor na fuga à despromoção na Série B do Campeonato de Portugal, com dois pontos de avanço para a zona de descida. Fábio Barros, mais conhecido como Fabeta nos tempos em que foi central em emblemas do CdP e da II Liga, deixou o cargo de coordenador da formação para assumir a equipa principal após a saída de António Oliveira. Reconhece que o arranque de temporada foi auspicioso e prometedor, mas que manter o clube no CdP é “vital”, pois no fim de abril será votada, em assembleia geral, a entrada de um novo investidor na SAD.
“O início de época deu-nos confiança para algo mais, para uma permanência tranquila, mas quando os resultados negativos começaram a aparecer, a equipa sentiu muito e não conseguiu dar resposta. É isso que está a refletir-se na classificação”, explica a O JOGO. “A permanência é vital. Nada vai mudar em relação à entrada da SAD, se os sócios assim o entenderem, mas seria um grande passo atrás para uma administração que quer colocar o Beira-Mar nos principais patamares em cinco anos”, acrescenta.
Ainda assim, estabilizar no Campeonato de Portugal era a meta delineada no arranque da prova. “Sabíamos que ia ser uma época difícil e que este teria de ser um ano consciente para não criar endividamento”, conta. Quando assumiu o cargo de treinador principal, o aspeto mental foi uma das prioridades. “O que mais se pedia aos jogadores era confiança. Como eu já estava no clube, conhecia as contratações e o valor do plantel e sabia que este era um aspeto mental”, justifica. Por isso, os dois triunfos dão outra confiança. “Respira-se melhor, mas sempre com os pés na terra porque nada está resolvido e porque os adversários também ganharam.”
No currículo do Beira-Mar constam 27 participações na I Liga, uma Taça de Portugal ganha e um passado que faz dos aurinegros o emblema com mais currículo no distrito de Aveiro. Conseguir reaproximar os adeptos é desafio para o futuro. “Tem de ser feito um longo caminho, tem de se recuperar a antiga mística e é preciso fazer um trabalho diferente com a população local”, advoga. “As pessoas estão habituadas a ver o Beira-Mar na I Liga e, por isso, sentem que no CdP todos os jogos são para ganhar. O Beira-Mar continua a ter a sua dimensão, mas não tem a mesma força”, compara.
A ideia passa por voltar à formação
Regressar à coordenação da formação do Beira-Mar é a ideia de Fabeta para a próxima temporada. “O futuro é incerto. No futebol, um mais um não são dois. No entanto, é assim que estamos a estruturar a próxima temporada, tornando mais lento o processo por estar com a equipa principal”, refere. “Estou há cinco anos na coordenação do futebol de formação e um dos meus objetivos é estruturar todo o futebol. Quando esta situação aconteceu, fiquei surpreendido, achei que poderia ser treinador interino um ou dois jogos, mas que não seria a solução ideal até ao fim da época. O presidente deu-me os seus argumentos, assumiu o risco e eu aceitei, pois na função que tinha é preciso estar preparado para qualquer eventualidade”, acrescenta.