Deco deu uma entrevista a recordar os passos de uma carreira recheada de êxitos. Mas desta fez o entrevistador não foi nenhum jornalista, mas antes Ricardo Rocha, internacional brasileiro campeão do Mundo de 2004 e antigo defesa central do Sporting e do Real Madrid
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Seleção portuguesa: "A primeira vez que Gilberto Madail, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, falou comigo foi em 2000 ou 2001. Cheguei a ser convocado para seleção Olímpica do Brasil, mas não chegou o fax ao FC Porto ou por outro motivo e acabei por ser cortado da lista. Eu estava identificado com aqueles jogadores da minha geração, sentia-me muito bem em Portugal e fui muito feliz em Portugal. Via que Portugal fazia muita força e sentia-me querido. Para o Mundial 2006 já era natural ser chamado para a seleção do Brasil, porque já tinha estado em destaque no FC Porto e já estava no Barcelona".
"Fui conversar com o presidente, disse-lhe que sabia que havia a proposta do Barcelona e que o Chelsea podia pagar 30 ou 35 milhões de euros. Ele disse-me: "vais para onde quiseres. Prometi e vou cumprir"
Sair, só depois de ganhar a Champions. "Em 2002/2003 o Barcelona queria contratar-me. O presidente Pinto da Costa fugia de mim, o Mourinho também e o Jorge Mendes também não conseguia resolver. Lembro-me que o Mourinho dizia que me deixava sair, mas que tinha de falar com o presidente. Fui falar e o presidente dizia que tinha de falar com o Mourinho, porque ele tinha dito que íamos ser campeões europeus. Comecei a rir e disse ao presidente que ganhar a Taça UEFA, estava bom, agora a Liga dos Campeões não vamos ganhar. Pinto da Costa disse que o Mourinho tinha dito que se eu ficasse tínhamos hipótese de ganhar. Prometeu-me que no ano seguinte eu podia sair para onde quisesse. Lembro-me que durante um mês e meio fiquei nervoso e a jogar mal. Isso mexeu comigo. Um dia estava no quarto com o Carlos Alberto e disse-lhe: "Feijão, eles querem ganhar a Liga os Campeões, então vou ter de começar a jogar, porque não estou a jogar nada". Ele até brincou: "você acha que não estava a jogar nada e estava a jogar tudo isso?". Voltei a jogar bem e, no ano seguinte, o Barcelona voltou a mostrar interesse, assim como outros clubes."
"Um dia estava no quarto com o Carlos Alberto e disse-lhe: "Feijão, eles querem ganhar a Liga os Campeões, então vou ter de começar a jogar, porque não estou a jogar nada"
Promessa cumprida de Pinto da Costa: "Lembro-me que o Mourinho quando foi para o Chelsea, em 2004, queria levar-me. O Chelsea estava a pagar transferências de 30 e 35 milhões. O Barcelona só queria pagar 21 milhões de euros e eu disse ao Jorge Mendes que, por aquele valor, o presidente Pinto da Costa não me ia deixar sair. Fui conversar com o presidente, disse-lhe que sabia que havia a proposta do Barcelona e que o Chelsea podia pagar 30 ou 35 milhões de euros. Ele disse-me: "vais para onde quiseres. Prometi e vou cumprir. A minha história com Pinto da Costa é de muito respeito. Ainda agora fez 38 anos de presidência do FC Porto. Ele é uma referência para mim. Sempre foi muito sério e muito correto comigo. Essa história marcou-me muito, porque diz muito daquilo que é como pessoa"
Melhor equipa onde jogou: "Tecnicamente, a melhor equipa era a do Barcelona, mas a do FC Porto era muito competitiva. Era muito difícil perder"