"O Aymoré sai do Boavista para o FC Porto no final da temporada e tenta contratar-me"

Farense e Boavista encontram-se pela 25.ª vez em Faro em jogos do Campeonato, sendo Faro um terreno hostil, por tradição, para quem o visitasse, fosse na década de 70, 80 ou 90. Nem leões algarvios, nem panteras nortenhas, vivem sensações dominantes de outros anos, são felinos de garras bem mais macias e dentes menos afiados.

Auscultando a história, que contempla oito triunfos caseiros, onze empates e cinco vitórias axadrezadas, descobre-se algum equilíbrio, mesmo nas fases em que o Boavista cresceu para lutar por lugares cimeiros, de pódio e até título. Os portuenses perderam mesmo quatro deslocações seguidas a Faro entre 1993 e 1997 mas um jogo emblemático, que representa a primeira visão de um Farense poderoso e contundente remonta a 1973/74. No São Luís houve demonstração cabal com um 4-1 dos locais aos visitantes, acabando o Farense em 7.º e o Boavista em 9.º. Mirobaldo e Manuel Fernandes bisaram pelos algarvios, Zezinho atenuou descalabro pelos tripeiros.

Nesse Farense atuava como médio e capitão Manuel José, o lendário treinador do Boavista, que fez três épocas no clube, um total de 81 jogos, entre 1973 e 1976. Numa curta conversa com o JOGO, o experiente técnico, de 77 anos, obreiros de conquistas e qualificações europeias no Bessa, recuou no que pôde a memórias dessa época, mais paralelas.

"O Boavista era treinado por Aymoré Moreira, selecionador do Brasil campeão do Mundo no Chile, em 1962, e, se a memória não me trai, eu era capitão do Farense. No São Luís era difícil para qualquer um. O Aymoré sai do Boavista para o FC Porto no final da temporada e tenta contratar-me. Mas não houve acordo...", lembra Manuel José um contexto que o podia ter levado ao clube portista.

Do lado do Boavista estavam figuras reconhecidas como Mário João, Amândio Barreiras, Manuel Barbosa, Acácio Casimiro ou o brasileiro Salvador. "Mais tarde, já era eu treinador do Espinho e vou buscar o Amândio ao Boavista. O Salvador faz a mesma viagem", recordou.