O Aberdeen, adversário do Sporting, à lupa: atenção a dois nomes e receita revelada
Eliminado na última ronda pelo Aberdeen, o treinador do Viking aconselha o Sporting a fazer valer os seus argumentos técnicos para contrariarem um rival fiel ao "kick and rush" britânico.
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Originário da Grã-Bretanha e integrante do léxico futebolístico a nível mundial, o "kick and rush", traduzido por algo como "chuta e corre", é tratado por estes dias como uma ideia de jogo ultrapassada, mas um dos seus fiéis herdeiros estará na quinta-feira em Alvalade.
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Desprovido de grandes talentos a nível técnico, o Aberdeen tem na resiliência e na solidez defensiva as maiores armas para trilhar um caminho europeu onde, ultrapassadas duas pré-eliminatórias da Liga Europa, já deixou Runavik e Viking para trás. Na segunda das suas incursões pelo Norte do Velho Continente, os escoceses venceram na Noruega por 2-0 à boleia de um "ferrolho" inultrapassável e de uma aposta no jogo direto a explorar a profundidade, algo que a formação da casa não conseguiu contrariar.
A história desse jogo foi contada a O JOGO por Bjarne Berntsen, treinador do Viking, que aceitou partilhar a sua visão do jogo do passado dia 17 e dar a receita para o Sporting contrariar um "ferrolho" do qual, diz, o Aberdeen não irá abdicar em Lisboa. "Contra nós, o Aberdeen jogou de forma cautelosa e creio que ainda vão baixar mais o bloco em Lisboa. Essa é a grande força deles: uma muralha defensiva muito fechada e sólida que é difícil de ultrapassar. Também não esperem deles um jogo de posse, porque vão, certamente, manterem-se fiéis ao seu estilo: jogo direto e contra-ataques. Penso que o Sporting terá muito a ganhar se apostar numa circulação rápida de bola e privilegiar tabelas rápidas e ao primeiro toque para desconstruir a defesa adversária. É uma equipa organizada e bem adaptada a esta ideia de jogo", adiantou o treinador norueguês.
"É importante manter a bola no chão. Contra nós eles "limparam" tudo o que era lance de cabeça"
Atenção às bolas paradas
Garantindo que o conjunto orientado por Derek McInnes tudo fará para conduzir o jogo para a dimensão física, Bjarne Berntsen revelou que as melhores oportunidades criadas pelo Viking surgiram na sequência de jogadas junto ao relvado, pois, no capítulo do jogo aéreo, os noruegueses acabaram amplamente superados pelo Aberdeen. "É importante manter a bola no chão. Nós até costumamos ser fortes nas bolas paradas, mas, contra nós, eles "limparam" tudo o que era lance de cabeça. Por outro lado, é necessário que o Sporting defenda bem esses mesmos lances, porque é aí que a grande diferença de qualidade entre as equipas pode dissipar-se", alertou, lembrando que a provável ausência de McKenna - na iminência de assinar pelo Nottingham Forest - e a esperada adaptação do médio McCrorie ao eixo pode ser um "rombo" nessa eficiência.
"Maestro" é exceção à regra
Num universo onde impera a disciplina tática e a entreajuda entre os atletas, as individualidades têm tendência a desvanecer-se face à premência do labor coletivo, mas o Aberdeen tem, na opinião de Bjarne Berntsen, duas individualidades que podem colocar o Sporting em sentido. Assumindo a forma de um "oásis" num miolo onde a palavra de ordem é morder os calcanhares dos criativos rivais, Lewis Ferguson é elogiado pela forma como tenta construir com critério. "O Ferguson é o jogador mais evoluído do Aberdeen. É um médio moderno que defende e ataca com eficácia e que não tem medo de ter a bola nos pés. Todo o jogo da equipa gira à sua volta", salientou o treinador do Viking, referindo-se ao internacional sub-21 pela Escócia e melhor marcador da presente temporada, com dois golos.
"Os melhores? Ferguson é o mais evoluído e Hedges é um canhoto que joga na direita e cria desequilíbrios em diagonais para o corredor central"
Outro dos jogadores destacados por Bjarne Berntsen é o galês Ryan Hedges, extremo que marcou um dos golos na vitória dos escoceses na Noruega: "O número 11 [Hedges] é rápido e fez um bom jogo contra nós. É um canhoto que joga pela direita e cria desequilíbrios com as suas diagonais para o corredor central. Não é um primor a nível técnico, mas pode fazer estragos."