Diretor de comunicação do Sporting respondeu à 'carta aberta' enviada pelo Vice-Presidente do Benfica
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As entrevistas de Bruno de Carvalho à SIC e a de Luís Filipe Vieira à TVI, com os respetivos timings e conteúdos, estão na origem de mais uma troca de palavras entre Sporting e Benfica, desta vez com Nuno Saraiva a responder a Rui Gomes da Silva que, numa carta aberta ao diretor de comunicação do Sporting, tinha vindo criticar a entrevista de Bruno de Carvalho ao mesmo tempo em que os encarnados jogavam em Arouca.
Ora Nuno Saraiva replica que as entrevistas do líder leonino não dependem dos jogos das águias, mas aproveitou para criticar, também ele, a entrevista de Vieira, salientando que Gomes da Silva não esteve no painel dos entrevistadores por ser um "Judas que, por muito menos de 30 dinheiros, o trairia para lhe tomar o lugar."
Saraiva continua, falando das vendas e compras encarnadas, no mercado de transferências, e questionou ainda o papel de Rui Gomes da Silva no Benfica.
Leia aqui a mensagem na íntegra
"Resposta à carta aberta de Rui Gomes da Silva,
Como tenho dificuldade em perceber qual o seu papel, isto é, se é advogado, político, dirigente desportivo, comentador ou outra coisa qualquer, dirijo-me a si nestes termos e em resposta à muito eloquente carta que, publicamente, me dirigiu:
Caro Rui.
Não sendo eu pessoa de puxar dos galões, não posso deixar de lhe dizer que os meus 25 anos de experiência jornalística deram-me alguma vivência e permitem-me um conhecimento que, mesmo com o muito que terei ainda para aprender, lhe posso dizer com a máxima frontalidade que o meu caro Rui nada percebe de comunicação. É que achar-se um comentador desportivo quando, na realidade, é apenas um megafone dos Grabrieis e Guerras desta vida diz tudo sobre o seu conhecimento desta ciência e deste ofício.
Estando por isso esclarecidos quanto aos seus fracos conhecimentos de comunicação, vou, perdoe-me a pretensão, ensinar-lhe algo sobre a última entrevista do seu Presidente na TVI. Quando um presidente apenas anui a uma entrevista onde os entrevistadores são por ele escolhidos, num espectáculo televisivo deprimente, enfatiza ainda mais as suas debilidades como líder e comunicador. Numa alegoria religiosa, esta pretensa entrevista poderia ser descrita como uma conversa entre a Nossa Senhora de Fátima e os Três Pastorinhos, ou então uma cena ao estilo da "Última ceia" em que o "Rei Sol" foi adorado pelos seus apóstolos. Mas, neste caso, houve o cuidado de não o colocar a si no painel, pois o seu Presidente sabe que haveria de evitar a presença de um Judas que, por muito menos que 30 dinheiros, o traíria para lhe tomar o lugar.
Relativamente ao meu Presidente, os timings das entrevistas não se determinam pelos jogos do Benfica. Aliás, é algo que a ele não lhe provoca interesse nenhum pois dispomos de um gabinete de análise das equipas adversárias que faz esse trabalho. E quanto às capas que essas patéticas horas de bajulação originaram, estão ao nível de uma vitória por 2 a 1 ser considerada como quase goleada nos mesmos meios. E, já agora, o meu Presidente não se atormenta com audiências ou shares, até porque não está em competição com o Cirque du Soleil.
Há quem precise de capas para fingir que brilha e há quem as faça apenas por trabalhar.
Não deve ser fácil para si ver este Presidente, o meu, fazer das maiores vendas de sempre do futebol português; formar um plantel forte e equilibrado mesmo com a fortíssima intervenção de agentes que comungam com vocês o interesse e objtectivo de desestabilizar e enfraquecer o Sporting Clube de Portugal; ver Markovic brilhar de verde e branco; assistir a uma média consolidada de 40 mil pessoas no Estádio José Alvalade; estar muito perto de ultrapassar o vosso clube em número de Associados. Deve, alias, ser difícil ver que apenas fizeram uma venda pois a segunda cifrou-se num saldo obrigatório de 3 milhões (Gaitán 25 versus Jiménez 22) ou que ficaram inúmeros jogadores por resolver, alguns com salários principescos. É todo este insucesso que pretendem esconder com um ataque cerrado e constante à arbitragem e mantendo esta guerra suja para que, entre ataques e respostas, possam ir camuflando os vossos insucessos e incapacidades.
Mas voltando à sua temática, confundir uma encenação teatral com uma entrevista só pode vir de mentes frágeis com raciocínios deturpados, que são a sua imagem de marca, inclusive para muitos adeptos do seu próprio clube.
Por fim, gostaria de concluir salientando duas coisas que acho que lhe estão a escapar:
1 - O Presidente do Sporting Clube de Portugal é Presidente do Clube e da SAD e não um empecilho como o meu caro Rui, que anda a ser empurrado de um lado para o outro dentro do seu clube, aproximando-o cada vez mais da porta da rua, mesmo que não se dê conta disso;
2 - Profissionalmente, o Presidente do Sporting Clube de Portugal já tem mais tempo de governo desta grande instituição que é o meu Clube do que o meu caro Rui desempenhou funções no governo de que fez parte.
Sinceramente, gostava que percebesse que dispensava gastar um segundo ou um caracter consigo ou com o clube que representa. Mas, infelizmente, a comunicação "suja" que o meu caro Rui e seus pares utilizam obrigam-me a ter este procedimento que em nada me orgulha e que considero, alias, um retrocesso de toda a aprendizagem profissional que adquiri nos últimos 25 anos. Porém, quando somos profissionais dedicados e acreditamos no que fazemos temos de estar preparados para agir em todos os terrenos. Infelizmente, no que diz respeito a si e aos seus pares, é um terreno cheio de lama e onde reina o baixo nível.
Tentarei manter-me de mente sã e corpo são, apesar de tudo, mas sempre sem medo de ter de me confrontar neste terreno, pois a verdade desportiva e os amantes do futebol merecem este meu sacrifício.
Caro Rui, desejo-lhe um resto de bom fim-de-semana."